O estudo IMPAACT 2010 também apresentou seus resultados na Conference on Retoviruses and Opportunistic Infections (CROI) 2021, acompanhando uma coorte de gestantes com HIV randomizadas para iniciar tratamento com DTG + FTC/TAF, DTG + FTC/TDF ou EFV/FTC/TDF.
Os primeiros resultados já haviam sido divulgados e mostraram taxas significativamente menores de desfechos obstétricos desfavoráveis no grupo que recebeu DTG + FTC/TAF, quando comparado com os dois outros braços do estudo.
As novas análises avaliaram ganho de peso no período antes do parto e sua relação com desfechos obstétricos desfavoráveis. Para essa análise, a amostra da coorte foi de 643 gestantes.
Os resultados do tratamento de HIV em gestantes
Nenhum dos grupos alcançou a proporção de ganho de peso recomendada para os segundo e terceiro trimestre, mas o braço DTG + FTC/TAF foi o que mais se aproximou, com diferença estatística em relação aos outros braços. Entre as mulheres classificadas como com baixo ganho de peso, uma maior proporção estava no grupo de EFV/FTC/TDF, enquanto entre as classificadas como com alto ganho de peso, a maioria estava no grupo de DTG + FTC/TAF.
Baixo ganho de peso esteve associado a maior risco de desfechos desfavoráveis, com diferença estatística para os desfechos combinados (natimorto, parto prematuro e recém-nascido pequeno para idade gestacional) e recém-nascido pequeno para idade gestacional. Alto ganho de peso não esteve associado de forma estatisticamente significativa a nenhum desfecho desfavorável, mas houve uma tendência a um fator protetor.
Outra análise avaliou a eficácia e segurança de cada um dos braços do momento da inclusão no estudo, até cinquenta meses após o parto.
Não houve diferença significativa entre os braços, em relação a ocorrência de eventos adversos graves maternos e infantis. Entretanto, a análise de mortes dos recém-nascidos encontrou maior mortalidade no grupo de gestantes que receberam EFV/FTC/TDF, com diferença estatística em comparação aos outros grupos. Anomalias congênitas maiores foram reportadas em 4 participantes: 2 no braço DTG + FTC/TAF e no 2 no braço EFV/FTC/TDF.
Não houve diferença significativa na taxa de infecção infantil pelo HIV, nas cinquenta semanas pós-parto. Embora não tenham sido encontradas diferenças entre os braços para o desfecho de supressão virológica materna na semana cinquenta após o parto, uma comparação post hoc mostrou maior proporção de falha virológica materna, com diferença significativa. O grupo contendo EFV também foi o que conteve maior proporção de mulheres retiradas do estudo, devido ao desenvolvimento de resistência e necessidade de mudança de terapia.
Em relação a peso, o grupo de EFV esteve associado a maior taxa de perda de peso, com diferença estatisticamente significativa, enquanto DTG + FTC/TAF esteve associado com a maior proporção de obesidade na semana 50 pós-parto.
Mensagens práticas
– DTG e TAF foram seguros e eficazes para o tratamento de HIV em gestantes e puérperas, estando associados a menor baixo ganho de peso.
– Baixo ganho de peso esteve associado a piores desfechos obstétricos e EFV, a maior taxa de mortalidade infantil.
– Esses resultados são semelhantes aos encontrados previamente em outros estudos, que sugerem maior ganho de peso com DTG e menor ganho ou perda de peso com uso de EFV.
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