Inibidores de integrasse (INI) têm se mostrado antirretrovirais com alta eficácia, alta barreira genética e fácil posologia, tendo acrescentado muito aos esquemas clássicos de terapia antirretroviral (TARV). Dolutegravir (DTG) é um INI que foi incorporado ao arsenal brasileiro, fazendo parte do esquema de primeira linha para adultos.
Resultados iniciais do uso de DTG em crianças e adolescentes avaliado pelo estudo ODYSSEY foram apresentados na Conference on Retoviruses and Opportunistic Infections (CROI) 2021.
Dolutegravir em crianças
O ODYSSEY é um estudo de não inferioridade internacional, multicêntrico e randomizado cujo objetivo é avaliar a eficácia e segurança de DTG com tratamento padrão (dois inibidores de transcriptase reversa + inibidor de protease/ritonavir) em crianças começando TARV de primeira ou segunda linha. O desfecho primário tempo para falha clínica ou virológica na semana 96.
O grupo do braço que recebeu DTG apresentou 47 eventos de desfecho primário quando comparado com o braço que recebeu tratamento padrão (14% vs. 75%), mostrando que DTG foi superior ao tratamento padrão. Os resultados foram semelhantes tanto na análise da população per-protocol quanto na população intention-to-treat. Nas semanas 48 e 96, o ganho na contagem de CD4 e na porcentagem de CD4 foi semelhante em ambos os grupos.
O benefício com DTG foi evidente já na semana 48, mantendo-se até a semana 144. O número de mortes ou eventos relacionados a AIDS foi semelhante em ambos os grupos, assim como a proporção de eventos adversos. Entretanto, mais eventos que levaram à mudança de esquema de TARV foram relatados no grupo de tratamento padrão.
Para dislipidemia, DTG esteve associado a um melhor perfil lipídico, principalmente devido a diferenças nos valores de LDL. Os participantes no grupo do braço de DTG tiveram ganhos leves de peso e IMC, que ocorreram de forma precoce com estabilização posterior. A média de peso adicional ao fim das 96 semanas foi de aproximadamente 1 kg.
Mensagens práticas
DTG foi superior ao tratamento padrão em crianças começando tratamento antirretroviral de primeira ou segunda linha, além de ser bem tolerado e seguro.
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