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Infectologia15 dezembro 2025

Anvisa aprova vacina Butantan-DV: marco histórico no combate à dengue 

Neste artigo trazemos detalhes do estudo de fase 3 da vacina do Instituto Butantan aprovada pela Anvisa para imunização contra dengue
Por Camila Rangel

A dengue é uma arbovirose causada por vírus e transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti. São conhecidos quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A infecção manifesta-se como uma doença febril aguda, cujos sintomas mais comuns incluem febre, mialgia, cefaleia, náuseas, prostração, dor articular e dor retro-orbitária. 

O diagnóstico clínico baseia-se na associação entre manifestações clínicas e contexto epidemiológico. Os exames laboratoriais variam conforme o tempo de início dos sintomas, podendo incluir testes de detecção viral ou sorológicos. 

Em 2025, o Brasil notificou 1.642.584 casos prováveis de dengue, com 1.737 óbitos, evidenciando a magnitude do problema de saúde pública. 

Leia também: Brasil se prepara para novo pico de dengue em 2026

Prevenção e controle vetorial da dengue

A principal estratégia preventiva continua sendo o controle do vetor, com medidas como: 

  • Instalação de telas em janelas e uso de repelentes em áreas endêmicas; 
  • Remoção de recipientes que possam acumular água e servir de criadouros; 
  • Vedação de reservatórios e caixas d’água; 
  • Limpeza e desobstrução de calhas, lajes e ralos. 

Em 2023, o Brasil incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) a vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica Takeda. O esquema vacinal recomendado é realizado com duas doses, com intervalo de três meses, em crianças e adolescentes de 10 e 14 anos. Foi incluída no calendário vacinal em fevereiro de 2024, com a primeira campanha abrangendo 521 municípios em 37 regiões de saúde. A Qdenga representa um avanço importante, mas sua logística de duas doses e a limitação inicial da faixa etária restringem o impacto populacional imediato. 

Anvisa aprova vacina Butantan-DV: marco histórico no combate à dengue 

Vacina Butantan-DV 

O Instituto Butantan, em parceria com o NIH (EUA) e a farmacêutica MSD, desenvolveu uma vacina nacional contra dengue. É uma vacina de vírus vivo atenuado, quadrivalente, administrada em dose única. 

  • Ensaio clínico fase 3: duplo-cego, randomizado, placebo-controlado, com mais de 16 mil participantes entre 2 e 59 anos. 

Resultados de eficácia: 

  • 79,6% eficácia geral; 
  • 89,2% em indivíduos previamente infectados; 
  • 73,5% em soronegativos. 

Segurança: menos de 0,1% apresentaram eventos adversos graves, todos com recuperação completa. A maioria das reações foi leve a moderada (dor local, cefaleia, fadiga). 

Em 26 de novembro de 2025, a Anvisa aprovou o uso da Butantan-DV para a população de 12 a 59 anos. Trata-se da primeira vacina contra dengue em dose única no mundo, com previsão de inclusão no Programa Nacional de Imunizações (PNI). O Instituto Butantan já dispõe de mais de um milhão de doses para distribuição inicial. 

A chegada da Qdenga e, mais recentemente, da Butantan-DV, marca uma nova era na prevenção da dengue no Brasil. A Butantan-DV promete ampliar a cobertura pela simplicidade logística e produção nacional. 

Esses avanços reforçam a importância da integração entre controle vetorial e imunização, fundamentais para reduzir a carga da doença e seus impactos na saúde pública. 

Saiba mais: Dengue: neurologistas alertam para riscos ao sistema nervoso central

Autoria

Foto de Camila Rangel

Camila Rangel

Médica graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 2018. Infectologista pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais de 2019 a 2022. Mestra pela Faculdade de Medicina da UFMG em 2025. Infectologista do Controle de Infecção Hospitalar do HC-UFMG e Auditora Médica da Unimed Federação Minas.

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Referências bibliográficas

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