O Brasil deve enfrentar mais um ano de alta incidência de dengue em 2026. Segundo projeções apresentadas ao Ministério da Saúde por pesquisadores do projeto InfoDengue–Mosqlimate Challenge, são esperados 1,8 milhão de casos, o que tornaria o próximo ano o segundo com maior número de infecções da história, atrás apenas de 2024, quando o país ultrapassou 6,5 milhões de registros.
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Apesar de o cenário ainda ser preocupante, há sinais de avanço na prevenção e imunização. O Instituto Butantan já concluiu a produção de mais de 1 milhão de doses de sua vacina contra a dengue, que aguarda liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A expectativa é que o registro seja aprovado ainda em 2025, permitindo a incorporação do imunizante, de dose única e proteção contra os quatro sorotipos do vírus, à campanha nacional a partir do próximo ano.
Projeções para dengue em 2026
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallas, a vacina deverá ter impacto mais expressivo a partir de meados de 2026, quando a produção em parceria com a farmacêutica chinesa WuXi Biologics estiver em escala ampliada. “O Butantan não tem capacidade imediata para atender toda a população, mas a produção internacional vai permitir um salto de distribuição nos próximos anos”, afirmou.
Enquanto isso, a Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda e única vacina disponível atualmente no SUS, segue mostrando resultados promissores. Um estudo de longo prazo revelou que o imunizante mantém proteção sustentada por até sete anos, com eficácia de 84% na prevenção de hospitalizações e 61% contra casos confirmados após duas doses, sem necessidade de reforço no período.
A Qdenga é aplicada em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, em municípios com maior risco de surto, e até o fim de 2025 a Takeda deve entregar 15 milhões de doses ao sistema público.

Cobertura vacinal: alta, mas não suficiente
Mesmo com os avanços na imunização, especialistas alertam que a vacinação ainda não tem impacto populacional significativo, já que cobre uma parcela restrita da população. Para 2026, a previsão é de que a região Sudeste concentre até 70% dos casos, embora parte dos estados do Sul e Nordeste também apresente tendência de alta.
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Com a aproximação do verão, período de maior transmissão, autoridades reforçam o alerta: combater os criadouros do mosquito Aedes aegypti e buscar vacinação quando disponível são as principais armas para conter uma possível nova epidemia.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.
Autoria

Roberta Santiago
Roberta Santiago é jornalista desde 2010 e estudante de Nutrição. Com mais de uma década de experiência na área digital, é especialista em gestão de conteúdo e contribui para o Portal trazendo novidades da área da Saúde.
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