Publicado na revista Obstetrics & Gynecology em março de 2025, um artigo, conduzido por Artur Menegaz de Almeida e colaboradores, teve como objetivo avaliar a eficácia e segurança do fezolinetant e elinzanetant no tratamento dos sintomas vasomotores em mulheres na menopausa.
A menopausa/climatério é um evento fisiológico que representa uma transição importante na vida reprodutiva feminina, frequentemente acompanhada por sintomas vasomotores, como ondas de calor e sudorese noturna, que afetam até 70% das mulheres. Embora a terapia hormonal seja a abordagem mais eficaz, preocupações sobre seus efeitos adversos têm impulsionado a busca por tratamentos não hormonais. Fezolinetant, um antagonista do receptor NK3, e elinzanetant, um inibidor duplo de NK1 e NK3, emergem como alternativas promissoras.
Ambos medicamentos são aprovados pelo FDA para tratamento dos sintomas vasomotores da menopausa.
Metodologia
Foi realizada uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados (RCTs) comparando fezolinetant e elinzanetant com placebo. As buscas foram conduzidas nas bases MEDLINE, EMBASE e Cochrane até agosto de 2024. Sete RCTs envolvendo 4.087 mulheres foram incluídos na análise. Os desfechos primários foram a frequência e severidade dos sintomas vasomotores, enquanto os secundários incluíram qualidade do sono e eventos adversos.
Principais achados
Os resultados indicaram que ambas as drogas reduziram significativamente a frequência e severidade dos sintomas vasomotores:
- Fezolinetant 30 mg: redução média de 2,16 episódios (IC 95%: 1,54-2,79);
- Fezolinetant 45 mg: redução de 2,54 episódios (IC 95%: 1,86-3,21);
- Elinzanetant 120 mg: redução de 2,99 episódios (IC 95%: 1,74-4,23).
Além disso, ambas as drogas reduziram a severidade dos sintomas vasomotores, com fezolinetant 30 mg apresentando uma redução média de 0,20 (IC 95%: 0,09-0,33), fezolinetant 45 mg com 0,24 (IC 95%: 0,13-0,34) e elinzanetant 120 mg com 0,36 (IC 95%: 0,26-0,46). O elinzanetant demonstrou um efeito superior na melhoria da qualidade do sono, com um aumento de 4,65 pontos na escala PROMIS-SD-SF (IC 95%: 3,73-5,56). No entanto, o elinzanetant foi associado a uma maior incidência de eventos adversos, incluindo reações relacionadas à medicação (11,70% vs 20,75%, RR 0,57, IC 95%: 0,39-0,82) e cefaleia (2,54% vs 8,0%, RR 0,32, IC 95%: 0,16-0,64).
Conclusão
A meta-análise demonstrou que ambas as drogas são eficazes na redução dos sintomas vasomotores em mulheres na menopausa. O elinzanetant apresentou um impacto mais significativo na melhora da qualidade do sono, mas também foi associado a uma maior incidência de efeitos adversos. Esses achados sugerem que a escolha entre as drogas deve ser individualizada, considerando a gravidade dos sintomas e o perfil de segurança.
Tanto o fezolinetant como o elinzanetant possuem pesquisas avançadas, mas ainda não estão disponíveis no mercado brasileiro. A responsável pelo primeiro fármaco, já apresentou o pedido de registro e espera a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Por sua vez, o elinzanetant já ultrapassou a última fase de testes, de forma que o pedido de registro junto à Anvisa deve ser feito em 2025.
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