Empoderamento da mulher no tratamento da menopausa
A menopausa é um fenômeno natural a ser vivenciado por todas as mulheres com função ovariana preservada. Trata-se do declínio da função reprodutiva feminina com vasta abrangência de sinais e sintomas. Fatores individuais, psicológicos e sociais podem ditar a severidade da apresentação clínica.
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A Lancet lançou recentemente uma revisão sobre um modelo de empoderamento no manejo da menopausa. Segue abaixo um resumo dela.
Paciente como foco do tratamento
A World Heath Organization (WHO) define como empoderamento um processo ativo de aquisição de conhecimento, confiança e autodeterminação para poder tomar decisões acerca da própria saúde.
Sendo assim, em vez de focar apenas na menopausa apenas como uma deficiência endócrina, o empoderamento visa tornar a paciente o foco principal do tratamento, permitindo que ela se conheça melhor e possa tomar decisões mais acertadas para o autocuidado.
Os componentes chave para o empoderamento incluem acesso à informação baseada em evidências científicas (preferencialmente antes do início da menopausa), suporte para auxiliar na melhor decisão em relação aos tipos de tratamento, além de acesso a um bom médico que escute o paciente com empatia e ofereça tratamento baseado em decisão compartilhada.
A menopausa é definida pela ausência de ciclos menstruais por mais de 1 ano, ocorrendo em torno dos 50 anos e é considerada precoce quando ocorre antes dos 40 anos.
A apresentação clínica é variável podendo incluir: sintomas vasomotores, ressecamento vaginal, irritação vulvovaginal, dispaurenia, ganho de peso, alterações no sono e no humor.
Em relação ao manejo da menopausa, temos como medidas não farmacológicas a terapia cognitiva comportamental (TCC) e hipnose. Alguns estudos já mostraram que a TCC foi capaz de reduzir os fogachos, sudorose noturna, alterações do sono e do humor, com melhora importante de qualidade de vida. A hipnose por sua vez, já demonstrou grande valia no tratamento dos sintomas vasomotores.
A terapia de reposição hormonal combinada com estrogênio e progesterona é a escolha para pacientes com útero e que não apresentem contraindicações (histórico de câncer sensível a estrogênio, histórico de trombose venosa ou tromboembolismo pulmonar, doença arterial tromboembólica ativa, doença hepática aguda, sangramento genital inexplicado, gestação, hipertrigliceridemia, hipertensão não tratada, porfiria ou evento prévio de acidente vascular isquêmico ou transitório). De um modo geral, também não se recomenda a terapia combinada para pacientes acima de 60 anos ou com mais de 10 anos de menopausa.
O tratamento também não deve ser muito duradouro e muitas pacientes podem apresentear recividiva dos sintomas após interrupção dele. Sendo assim, a decisão sobre o início da terapia de reposição hormonal deve ser compartilhada e levando em consideração o nível dos sintomas, o risco cardiovascular da paciente e, acima de tudo, a sua vontade.
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Mensagem prática
A menopausa deve ser encarada como uma fase natural da vida. As mulheres devem ser encorajadas a entender os seus sintomas, bem como o médico deve ser capaz de ouvir com clareza as suas queixas. A decisão de tratamento deve ser compartilhada e visando sempre o bem estar da mulher, de modo que a menopausa seja vivida de modo menos estigmatizado e mais tranquilo.
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