O manejo da paciente com endometriose e doença inflamatória pélvica é desafiador, podendo levar a paciente a choque séptico se não for realizado o tratamento adequado e no momento correto. Por este motivo trouxe um artigo que aborda esse tema para discussão.
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Em fevereiro de 2023 foi publicado um estudo de coorte retrospectivo na revista Fertility and Sterility, com o objetivo de avaliar o resultado da doença inflamatória pélvica (DIP) em pacientes com endometriose com e sem endometrioma ovariano.
Métodos
Os pesquisadores avaliaram 116 pacientes com endometriose internadas por DIP entre os anos de 2011-2021. Cinquenta e nove pacientes com componente de endometrioma ovariano foram comparadas com 57 pacientes com endometriose sem endometrioma.
Resultados
De acordo com os autores, a DIP em pacientes com endometrioma foi menos propensa a responder ao tratamento com antibióticos, e teve maior risco de intervenção cirúrgica ou drenagem em comparação com pacientes com endometriose sem endometrioma (OR ajustado 3,5, CI 1,25-9,87). Na admissão, as pacientes com endometrioma eram mais velhas (26,5 versus 31,0, p=0,02) e menos propensas a ter um dispositivo intrauterino (DIU) (19,3% vs. 5,1%, p=0,02), em comparação com pacientes sem endometrioma.
A taxa de abscesso tubo-ovariano (52,5% vs. 19,3%, p<0,01) foi significativamente maior em pacientes com endometrioma, e a taxa de reinternação, cultura bacteriana positiva e tempo de internação também foram maiores no grupo endometrioma, porém, não atingiram significância estatística.
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Conclusão e mensagem prática
Pacientes com endometrioma com DIP têm menor probabilidade de responder ao tratamento com antibióticos e apresentam maior risco de intervenção cirúrgica. Por este motivo, devemos ter cautela ao tratar essas pacientes, mantendo internadas e realizando abordagem cirúrgica sempre que necessário para evitar choque séptico e aumento da morbidade.
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