Hemorragia pós-parto (HPP) é uma complicação comum, afetando até 5% dos nascimentos e é uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna em todo o mundo. Em países de baixa e média renda, mais de 30% das mortes maternas são atribuíveis a hemorragia. Embora existam vários potenciais etiologias de HPP, 70% a 80% estão associadas à atonia uterina. Terapias de segunda linha para hemorragia refratária causada pela atonia, tradicionalmente, incluem um tamponamento com balão uterino, manobras de compressão manual, procedimentos de radiologia intervencionista e roupas antichoque não pneumáticas antes dos métodos de intervenção operatória.
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Dispositivos intrauterinos de tamponamento
O método mais antigo de tamponamento uterino, descrito no século XIX, foi o tamponamento uterino com gaze. Embora as taxas de controle da hemorragia atingiram 100% em alguns relatórios, preocupações em relação ao risco de infecção e ao inadequado tamponamento levou ao abandono desta prática na década de 1950.
A maioria das técnicas modernas de tamponamento uterino são dispositivos de balão. O primeiro e mais bem estudado desses dispositivos é o balão Bakri, inicialmente descrito na literatura em 1999.
Uma metanálise recente, incluindo 4.791 pacientes de 91 estudos, indicou eficácia de 85,9% na resolução de hemorragia com uso de balões intrauterinos com o maior sucesso na atonia uterina (87,1%). O sucesso foi maior após o parto vaginal (87,0%) que no parto cesáreo (81,7%).
Existem duas teorias sobre como um tamponamento atinge a hemostase. A primeira é que o dispositivo intrauterino de tamponamento exerce uma pressão direta de dentro para fora maior que a pressão arterial sistêmica, inibindo assim sangramento das artérias espirais. A teoria mais recente postula que a pressão hidrostática do dispositivo de tamponamento comprime diretamente a artéria uterina, que é semelhante ao efeito mecânico da ligadura.
Dispositivos intrauterinos à vácuo
Recentemente, a terapia induzida por dispositivos intrauterinos à vácuo para o controle de HPP foi desenvolvida com o objetivo de acelerar o controle eficaz da HPP. A justificativa para tais dispositivos é usar pressão negativa dentro da cavidade uterina para promover contração, permitindo assim o enrolamento das artérias espirais e redução do fluxo sanguíneo.
O único dispositivo disponível comercialmente nos Estados Unidos é o Sistema Jada, que foi liberado pela FDA em agosto de 2020. Este dispositivo é feito de silicone e consiste em uma alça intrauterina elíptica na extremidade distal de um tubo. A alça intrauterina é revestida com poros orientados para dentro ao longo do loop. O dispositivo se conecta a um tubo de vácuo estéril.
Considerações e mensagem prática
Dispositivos intrauterinos no manejo da HPP são comuns e importantes componentes de algoritmos no tratamento do PPH, no entanto, estudos adicionais, em grande escala e prospectivos são necessários para estabelecer a segurança e eficácia desses dispositivos tanto em comparação direta entre si e com métodos alternativos.
Embora a literatura emergente sobre o uso de dispositivos intrauterinos à vácuo mostra-se promissora, ainda há perguntas sobre o seu papel no manejo da HPP. Uma outra questão a ser analisada é o custo dos dispositivos intrauterinos em comparação com as demais alternativas e a comparação entre eles.
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