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Ginecologia e Obstetrícia12 junho 2023

Eficácia do tamponamento precoce com balão intrauterino para hemorragia pós-parto

O momento mais indicado para o uso do balão de tamponamento intrauterino ainda é controverso na literatura: usá-lo de forma precoce ou esgotar o arsenal farmacológico antes?

Estudo aceito para publicação recentemente no AJOG teve como objetivo comparar, em mulheres com hemorragia pós-parto (HPP) depois de parto vaginal refratária a administração de uterotônicos, o impacto do uso combinado de um balão de tamponamento intrauterino (do inglês IUBT) com uterotônicos de segunda linha versus o uso de IUBT após a falha do segundo uterotônico.

Leia também: Hemorragia pós-parto: Quais são os fatores de risco para falha do tamponamento intrauterino?

Eficácia do tamponamento precoce com balão intrauterino para hemorragia pós-parto

Introdução

HPP é uma das principais causas de morte materna no mundo. O manejo dessa complicação envolve uma sequência de abordagens, iniciando com massagem uterina e uso de fármacos, passando para tratamentos mais invasivos como o balão de tamponamento, suturas cirúrgicas e por último a histerectomia.

Metodologia

Trata-se de um estudo multicêntrico, do tipo ensaio clínico randomizado, desenvolvido em 18 hospitais da França. O estudo recrutou 403 mulheres acima de 18 anos e com partos vaginais entre 35 e 42 semanas. O critério de inclusão foi HPP refratária ao uterotônico de primeira linha (ocitocina) e requerendo o uterotônico de segunda linha (sulprostone, um análogo da prostaglandina E2).

As mulheres foram randomizadas em dois grupos: o grupo intervenção, no qual o balão conhecido pelo nome comercial de ebb foi inserido juntamente com o início da infusão de suprostone e o grupo controle, no qual o balão foi inserido somente após a falha terapêutica (30 minutos) do sulprostone. Em ambos os grupos, caso o sangramento persistisse a mulher era encaminhada para a radiologia intervencionista.

O desfecho primário foi a proporção de mulheres que precisaram de 3 ou mais bolsas de concentrado de hemácias ou tiveram uma perda sanguínea estimada acima de 1000 ml.

Principais resultados

As características basais das mulheres foram semelhantes em ambos os grupos e a incidência do desfecho primário não diferiu entre os dois grupos.

O desfecho primário ocorreu em 67,2% (131/195) do grupo de estudo e 74,3% (142/191) do grupo controle (RR, 0,90; IC 95% 0,79–1,03). Os grupos não diferiram significativamente quanto às taxas de perda calculada de sangue periparto ≥ 1.500 mL, transfusão sanguínea, procedimento invasivo e internação em unidade de terapia intensiva. Endometrite ocorreu em 5 (2,7%) mulheres no grupo de estudo e nenhuma no grupo de controle (P= 0,06).

Saiba mais: Balões de tamponamento intrauterino na hemorragia puerperal

Conclusões

O uso precoce do balão de tamponamento intrauterino para HPP pós-parto vaginal não reduziu a severidade e complicações da hemorragia, quando comparado com seu uso após a falha terapêutica do segundo uterotônico.

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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Referências bibliográficas

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