Estudo aceito para publicação recentemente no AJOG teve como objetivo comparar, em mulheres com hemorragia pós-parto (HPP) depois de parto vaginal refratária a administração de uterotônicos, o impacto do uso combinado de um balão de tamponamento intrauterino (do inglês IUBT) com uterotônicos de segunda linha versus o uso de IUBT após a falha do segundo uterotônico.
Introdução
HPP é uma das principais causas de morte materna no mundo. O manejo dessa complicação envolve uma sequência de abordagens, iniciando com massagem uterina e uso de fármacos, passando para tratamentos mais invasivos como o balão de tamponamento, suturas cirúrgicas e por último a histerectomia.
Metodologia
Trata-se de um estudo multicêntrico, do tipo ensaio clínico randomizado, desenvolvido em 18 hospitais da França. O estudo recrutou 403 mulheres acima de 18 anos e com partos vaginais entre 35 e 42 semanas. O critério de inclusão foi HPP refratária ao uterotônico de primeira linha (ocitocina) e requerendo o uterotônico de segunda linha (sulprostone, um análogo da prostaglandina E2).
As mulheres foram randomizadas em dois grupos: o grupo intervenção, no qual o balão conhecido pelo nome comercial de ebb foi inserido juntamente com o início da infusão de suprostone e o grupo controle, no qual o balão foi inserido somente após a falha terapêutica (30 minutos) do sulprostone. Em ambos os grupos, caso o sangramento persistisse a mulher era encaminhada para a radiologia intervencionista.
O desfecho primário foi a proporção de mulheres que precisaram de 3 ou mais bolsas de concentrado de hemácias ou tiveram uma perda sanguínea estimada acima de 1000 ml.
Principais resultados
As características basais das mulheres foram semelhantes em ambos os grupos e a incidência do desfecho primário não diferiu entre os dois grupos.
O desfecho primário ocorreu em 67,2% (131/195) do grupo de estudo e 74,3% (142/191) do grupo controle (RR, 0,90; IC 95% 0,79–1,03). Os grupos não diferiram significativamente quanto às taxas de perda calculada de sangue periparto ≥ 1.500 mL, transfusão sanguínea, procedimento invasivo e internação em unidade de terapia intensiva. Endometrite ocorreu em 5 (2,7%) mulheres no grupo de estudo e nenhuma no grupo de controle (P= 0,06).
Saiba mais: Balões de tamponamento intrauterino na hemorragia puerperal
Conclusões
O uso precoce do balão de tamponamento intrauterino para HPP pós-parto vaginal não reduziu a severidade e complicações da hemorragia, quando comparado com seu uso após a falha terapêutica do segundo uterotônico.
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