Citrato de clomifeno (CC) é um modulador seletivo do receptor de estrogênio (SERM) que ocupa os receptores estrogênicos no hipotálamo e na hipófise levando a liberação de gonadotrofinas, o que, por consequência, leva ao estímulo gonadal (testículo e ovário). O clomifeno é usado desde os anos 1960 para indução da ovulação em mulheres.
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Desde então, é uma das drogas mais prescritas com esse objetivo. A dose é de 50 a 150mg/dia por cinco dias, iniciando entre o 2º e o 5º dia do ciclo. Normalmente inicia-se com 50 mg ao dia e, se não houver resposta, aumenta-se para 100 e 150 mg/d. O citrato de clomifeno tem as grandes vantagens de ser via oral e de baixo custo. Entretanto, apresenta algumas desvantagens devido à sua ação antiestrogênica no útero, levando ao antagonismo do estrógeno no endométrio e no muco cervical, prejudicando-os. Além disso, quando comparado às gonadotrofinas injetáveis, desenvolve menos folículos.
Normalmente, seu uso é feito em procedimentos de baixa complexidade, como o coito programado ou a inseminação intraútero. Nos casos de alta complexidade, as escolhas normalmente recaem sobre indutores que proporcionam o desenvolvimento de mais folículos.
Quanto à taxa de sucesso dos tratamentos de baixa complexidade, ela está muito relacionada com a causa da infertilidade, mas é inferior à das técnicas de alta complexidade. Em pacientes anovulatórias, temos uma taxa de ovulação de 70% a 80% com estimulação ovariana (variando de acordo com o indutor usado) e, quando essa é a única causa de infertilidade, a taxa de gravidez com coito programado chega até a 20-25% por ciclo, com uma taxa de gravidez cumulativa em 6 meses de até 60-75% nestes casos.
Cuidados no uso do citrato de clomifeno
Qualquer medicação, e isso inclui o clomifeno, não é isenta de efeitos colaterais ou deletérios e deve ser prescrita por médicos habituados ou conhecedores desses tratamentos e do manejo dos efeitos colaterais.
Alguns cuidados a serem tomados são:
Gravidez e lactação: não há estudos controlados com o clomifeno em humanos; têm sido relatadas malformações congênitas e morte fetal associadas à sua administração, embora uma relação causal direta não tenha sido estabelecida. Foram relatadas anomalias fetais em roedores (coelhas e ratas) durante o período gestacional. Não usar em gestantes ou lactantes.
Doenças hepáticas: devido à metabolização do clomifeno, a medicação não deve ser usada por mulheres com doenças hepáticas em atividade.
Sangramento uterino anormal: as mulheres com sangramento uterino anormal devem ser avaliadas e adequadamente diagnosticadas, antes da prescrição de clomifeno.
Cistos ovarianos: com exceção de mulheres portadoras de síndrome do ovário policístico, aquelas com diagnóstico de cisto ovariano não deveriam usar o clomifeno, uma vez que essa medicação pode aumentar o volume dos ovários.
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Além desses cuidados a serem tomados, deve-se estar atento aos principais efeitos colaterais da medicação, que apesar de raros, podem acontecer: desconforto abdominal, alterações visuais, alterações cutâneas, sintomas vasomotores, aumento ovariano e disfunção hepática.
E, por fim, como qualquer outro tratamento para infertilidade, o clomifeno aumenta o risco de gestação gemelar e da síndrome da hiperestimulação ovariana. Nesses casos, esse aumento é muito maior com os indutores da ovulação do que com o clomifeno.
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