A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das endocrinopatias mais comuns na mulher na pré-menopausa, com uma prevalência de 6 a 19% nas mulheres. Estudos sugerem que há uma desordem genética complexa nas pacientes portadoras, embora não apresente um padrão mendeliano.
Este é o tema da publicação semanal de conteúdos do Whitebook Clinical Decision, aqui no Portal PEBMED.
Apresentação clínica
Quadro clínico: imagem de ovários policísticos em ultrassonografia (um ou ambos os ovários), obesidade, resistência insulínica, infertilidade, anovulação e hiperandrogenismo.
Anovulação: a irregularidade menstrual começa tipicamente no período peripuberal e a menarca pode ser atrasada. O padrão menstrual é tipicamente oligomenorreico (menos de 9 períodos menstruais em 1 ano) e, menos frequentemente, amenorreico (sem menstruação por 3 ou mais meses consecutivos). Por vezes, pode ocorrer sangramento uterino anormal, por um estímulo endometrial prolongado do estrogênio sem contraposição da progesterona.
Hiperandrogenismo: caracterizado clinicamente por acne, hirsutismo, queda de cabelo de padrão masculino, associados ou não a concentrações séricas de andrógenos elevadas (hiperandrogenemia). O hirsutismo é definido como o excesso de pelos pigmentados e espessos no corpo, em uma distribuição masculina, e é comumente observado sobre o lábio, queixo, área periareolar e ao longo da linha alba do abdômen inferior.
Abordagem diagnóstica da SOP
Critérios diagnósticos de Rotterdam
É necessário que apareçam dois dos três a seguir:
- Oligo e/ou anovulação;
- Sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo: hirsutismo, acne, alopecia e/ou testosterona sérica (livre ou total) elevada;
- Ovários policísticos à ultrassonografia: presença de 12 ou mais folículos em cada ovário medindo de 2 a 9 mm de diâmetro e/ou aumento do volume do ovário ≥ 10 cm3 em pelo menos um dos ovários.
Laboratoriais
- TSH: excluir distúrbios tireoidianos;
- Prolactina: excluir hiperprolactinemia;
- Testosterona total ou livre, sulfato de DHEA e DHEA: diferenciar de origem suprarrenal;
- 17-hidroxiprogesterona: diferenciar de hiperplasia adrenal congênita não clássica;
- FSHavaliar falência ovariana;
- Perfil lipídico e teste oral de tolerância à glicose (TOTG – 2 horas): avaliar síndrome metabólica/resistência insulínica;
- Aferição de pressão arterial e avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC): também são indicadas para o diagnóstico.
Fenótipos | Sinonímia | Clínica | Repercussão Metabólica |
Fenótipo 1 | Clássico | Hiperandrogenismo + oligoanovulação + MPO | 3+ |
Fenótipo 2 | Clássico | Hiperandrogenismo + oligoanovulação | 3+ |
Fenótipo 3 | Ovulatório | Hiperandrogenismo + MPO | 2+ |
Fenótipo 4 | Não hiperandrogênico | Oligovulação + MPO | +/- |
- Anovulação fisiológica da adolescência;
- Hiperplasia adrenal congênita virilizante;
- Distúrbios congênitos relacionados ao metabolismo dos esteroides adrenais: resistência familiar aos glicocorticoides, deficiência de cortisona redutase, deficiência de DHEA sulfotransferase;
- Síndrome de Cushing;
- Tumores virilizantes;
- Hiperprolactinemia;
- Disfunção tireoidiana, especialmente o hipotireoidismo;
- Drogas: esteroides anabolizantes, ácido valproico;
- Hiperandrogenismo idiopático.
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