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Endocrinologia21 agosto 2024

Medicamentos para obesidade

Recentemente, a JAMA lançou uma revisão sobre os medicamentos anti-obesidade e seus impactos no peso e em outros parâmetros associados. 

A obesidade é um importante problema de saúde pública mundial com estimativa de afetar aproximadamente 19% de mulheres e 14% de homens a nível global e está associada a diversas comorbidades. 

Recentemente, a JAMA lançou uma revisão sobre os medicamentos anti-obesidade e seus impactos no peso e em outros parâmetros associados. 

Segue abaixo um breve resumo da mesma. 

A obesidade é um grande agravante de saúde e encontra-se fortemente associada a outras doenças que elevam o risco cardiovascular. Muitos guidelines recomendam a terapia farmacológica em associação a medidas de mudança do estilo de vida como forma de tratamento para obesidade. As medicações aprovadas pelo Food and Drug Administration (FDA) são recomendadas para adultos com IMC ≥ 30 kg/m2 ou ≥27 kg/m2 associado a comorbidades (ex: diabetes, hipertensão, dislipidemia) ou adolescentes com idade ≥ 12 anos e com IMC ≥ percentil 95 para sexo e idade. 

As 3  principais classes medicamentosas são: medicações intragastrointestinais (Orlistate), medicações de ação central (fentermina e associações de fentermina-topiramato e bupropiona-naltrexona) e medicações à base de hormônios estimulados por nutrientes (ex: liraglutida, semaglutida e tirzepatida). 

Leia mais: Obesidade em adolescentes

Vamos nos aprofundar um pouco mais sobre cada uma delas: 

médico medindo pessoa obesa para tomar medicamento

® Medicações intragastrointestinais – Orlistate 

Bloqueia a digestão e absorção de até 30% de gordura oriunda da alimentação, resultando em déficit calórico, sem ação no apetite. É capaz de reduzir a circunferência abdominal (CA) em 10 cm, Pressão arterial sistólica (PAS) em até 6 mmHg e LDL-c em até 9% em pacientes com obesidade. Seus efeitos ainda são modestos na redução do peso e os principais efeitos colaterais são: fezes amolecidas, urgência fecal e esteatorréia. 

® Medicações de ação central – Naltrexona-Bupropiona 

Em relação às medicações de ação central, a fentermina e combinação de fentermina com topiramato não são aprovadas no Brasil para tratamento de obesidade. Já a combinação bupropriona-naltrexona foi recentemente aprovada e traz como ação a redução do apetite por bloquear a recaptação de dopamina e norepinefrina (bupropiona) e inibição dos opioides no sistema mesolímbico dopaminérgico (Naltrexona). Seus principais efeitos adversos são: náusea, cefaléia, vômitos, constipação, tontura, insônia e boca seca. 

® Medicações à base de hormônios estimulados por nutrientes 

Tais medicamentos simulam efeitos metabólicos de hormônios entero-pancreáticos por meio do eixo intestino-cérebro. Os agonistas dos receptores de GLP-1 inicialmente foram prescritos para DM2 e mais recentemente para tratamento de obesidade. Atualmente, são as medicações mais seguras, com excelente perda ponderal e benefícios cardiometabólicos. 

Liraglutida 

A liraglutida foi aprovada para obesidade em adultos em 2014 e em 2020 para adolescentes. É capaz de reduzir a CA em 8 cm, redução da PAS em até 4 mmHg e do LDLc em até 8% em adultos com obesidade. É uma ótima opção para tratamento de indivíduos com DM2 e obesidade. Efeitos colaterais mais comuns são: náuseas, diarreia e constipação. 

Veja também:  Tirzepatida no tratamento da SAOS e Obesidade

Semaglutida 

A semaglutida foi aprovada para tratamento de obesidade em adultos nos EUA em 2021 e em adolescentes em 2022. Na dose de 2,4mg/semana também já foi aprovada para redução de eventos cardiovasculares em pacientes com doença cardiovascular estabelecida. Reduz a CA em até 14 cm e PAS em até 6 mmHg. Seus efeitos colaterais são similares aos da liraglutida, a facilidade posológica de ser semanal.

Tirzepatida

A tirzepatida é uma medicação que foi aprovada em 2023 no USA, sendo a medicação mais promissora no tratamento da obesidade até o momento. Ainda não está disponível no Brasil. 

Importante ressaltar que todas as medicações devem ser utilizadas como tratamento adjuvante com mudança de estilo de vida o que inclui bons hábitos alimentares e prática regular de atividade física. O uso dessas medicações é a longo prazo, visto que a obesidade é uma doença crônica, porém a duração das mesmas deve ser sempre discutida com o paciente. 

Conclusão

Obesidade é uma doença crônica associada a múltiplas comorbidades. Medicações anti-obesidade associadas a mudança do estilo de vida ainda são a melhor combinação como forma de tratamento. 

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