É de grande conhecimento que a obesidade vem se tornando uma doença endêmica de grande preocupação para a saúde pública. Com o aumento de sua prevalência, também aumentam as doenças cardiovasculares a ela associadas tais como: diabetes mellitus, dislipidemia e esteatose hepática.
Recentemente, foi lançado um estudo que visou explorar os efeitos dos agentes hipoglicemiantes emagrecedores associados a dieta hiperproteica e atividade física moderada na perda de peso e remissão do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e pré-diabetes (Pré-DM) em adultos com obesidade e recém diagnóstico de DM2 e/ou pré-dm. Vamos ver o que o estudo nos mostrou.
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Metodologia
O estudo foi um ensaio clínico randomizado que ocorreu na China no período de abril de 2022 a novembro de 2022. Foram alocados 61 pacientes entre 18 e 60 anos com obesidade e recém diagnóstico de pré-DM ou DM2 em dois grupos: Grupo controle (31) com medicação tradicional e mudança de estilo de vida (MEV) e o grupo intensivo (29) que, além do tratamento convencional, recebeu dieta hiperproteica e atividade física moderada.
Características de sexo, idade, etnia, presença de outras comorbidades e idade do surgimento de pré-dm ou dm2 foram similares nos dois grupos.
Os critérios de exclusão foram: pacientes com doenças cardiovasculares severas, insuficiência hepática ou renal, condições psicológicas não controladas, gestantes ou lactantes.
No início do estudo, os pacientes foram avaliados com peso, altura, composição corporal, pressão arterial, eletrocardiograma, testes bioquímicos e medidas de citocinas relacionadas a obesidade. Então, eles foram acompanhados por 12 meses para terem os desfechos analisados (perda de peso, composição corporal e remissão do pré-dm/DM2).
Resultados
Em relação aos resultados, 98,4% dos pacientes concluíram o tempo de seguimento do estudo.
O desfecho primário analisado foi o retorno a normoglicêmica definida Hba1c <6,5% após descontinuação dos medicamentos para DM2 por pelo menos 3 meses. Os desfechos secundários foram: mudança de peso, percentual de gordura corporal, área de gordura visceral e parâmetro de atenuação hepática controlado.
No grupo intensivo, 73,3% dos pacientes com pré-dm evoluíram com normoglicêmica enquanto 86,67% dos pacientes com diabetes também entraram em remissão, enquanto no grupo controle tais taxas foram de 7,69% e 16,67% respectivamente.
A perda média de peso foi de 19,29 kg no grupo intensivo, enquanto no grupo controle foi de apenas 1,52 kg. Outros parâmetros tais como percentual de gordura, área de gordura visceral e fatores de atenuação hepáticos também foram melhores no grupo intensivo.
Discussão
O estudo leva a crer que os agentes hipoglicemiantes com efeito emagrecedor em associação com dieta hiperproteica e atividade física moderada podem levar à remissão do Dm2 e pré-dm em pacientes com obesidade. Além disso, tal associação também demonstrou melhora no percentual de gordura, esteatose hepática, melhora de parâmetros inflamatórios e cardiovasculares entre outros.
No entanto, como qualquer estudo ele contou com algumas limitações tais como: pequeno tempo de duração e “n” pequeno de pacientes, o que dificultou a relação de causalidade da perda de peso com a remissão do DM2 e pré-dm.
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Conclusão e mensagem prática
De um modo geral, o estudo conclui que os agentes hipoglicemiantes com efeito emagrecedor em associação com dieta hiperproteica e atividade física moderada podem levar uma proporção expressiva de pacientes a evoluir com remissão do pré-dm e do DM2.
Ainda faltam mais estudos que possam comprovar uma relação de causa/efeito mais significativa, porém o presente artigo nos mostrou que determinadas mudanças de estilo de vida associadas a tratamento farmacológico adequado podem ser um futuro promissor para os pacientes com obesidade e pré-dm ou Dm2.
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