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Endocrinologia18 julho 2024

Diretriz Brasileira de Diabetes - O que mudou no Diagnóstico no DM?

Em julho de 2024, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), publicou um adendo na diretriz sobre atualização no diagnóstico de Diabetes Mellitus.

Em julho de 2024, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), publicou um adendo na diretriz sobre atualização no diagnóstico de Diabetes Mellitus.  

Segue abaixo um resumo dessa atualização de extrema relevância para a prática clínica do endocrinologista. 

O diagnóstico de diabetes mellitus (DM) é baseado na evidência de hiperglicemia através de: glicemia plasmática de jejum (GJ), teste de tolerância à glicose por via oral (TTGO) –nova nomenclatura em local do antigo TOTG e a hemoglobina glicada (Hba1c). O TTGO consiste em uma glicemia realizada após uma hora (TTGO 1h) ou duas horas (TTGO 2h) de uma sobrecarga de 75 gramas de glicose por via oral. 

Leia mais: Diagnóstico de DMG com glicemia de jejum versus teste de tolerância oral à glicose

Tais testes devem ser feitos para pacientes com alta suspeita clínica de DM ou assintomáticos com alto risco de desenvolver tal condição. Para rastreio de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), a recomendação é de rastrear todos os indivíduos com idade ≥ 35 anos e adultos com sobrepeso/obesidade que tenham pelo menos um fator de risco adicional para DM2 (ex: história familiar positiva em familiar de primeiro grau, história de doença cardiovascular, Hipertensão arterial, HDL abaixo de 35 mg/dl, Triglicerídeos acima de 250 mg/dl, síndrome dos ovários policísticos, acantose nigricans e sedentarismo), pré-diabetes (Pré-DM) em exame prévio, diabetes gestacional prévio ou recém nato grande para idade gestacional. 

Uma nova nomenclatura definida pela International Diabetes Federation (IDF)  é a “hiperglicemia intermediária” que nada mais é do que a hiperglicemia leve que não fecha critérios para DM, ou seja, o pré-diabetes. 

Sendo assim, a recomendação inicial é utilizar como critérios diagnósticos para DM: GJ ≥ 126 mg/dl, Hba1c  ≥ 6,5%, glicemia no TTGO-1h  ≥ 209 mg/dl ou glicemia no TTGO-2h  ≥200 mg/dl.  Em caso de alguma medida alterada, esta deve ser repetida para confirmação. 

Saiba mais: Prevenção de doença cardiovascular em pacientes com diabetes tipo 1

A grande novidade foi a utilização da glicemia de 1h no TTGO que antes não fazia parte dos critérios diagnósticos. 

Sendo assim, os critérios laboratoriais para diagnóstico de DM e pré-DM são (obs: em negrito o que há de novo na diretriz): 

 

CRITÉRIOS NORMAL PRÉ-DIABETES DIABETES MELLITUS 
Glicemia de jejum (mg/dl) < 100 100-125 ≥ 126 
Glicemia de jejum ao acaso (mg/dl) + sintomas   ≥ 200 
Glicemia de 1h no TTGO < 155 155-208 

≥ 209 

Glicemia de 2h no TTGO <140 140-199 ≥ 200 

Hba1c (%) 

5,7 5,7-6,4 ≥6,5 

É importante também se atentar às limitações dos métodos: a GJ pode sofrer interferências de condições agudas, a Hba1c possui maior custo, é menos sensível e pode sofrer incongruências devido a outras condições (Ex: hemoglobinopatias, anemias, gestação, medicações e etc). 

Já o TTGO é mais oneroso, desconfortável, mais longo, requer alimentação com ingesta de pelo menos 150g de carboidratos nos 3 dias que antecedem o exame, porém é o exame de maior sensibilidade. 

Mais uma recomendação da diretriz é de que quando houver necessidade de realizar o TTGO, que se utilize a glicemia de 1h para diagnóstico de DM e detecção de pré-dm, por ser superior e mais prático do que o TTGO de 2h. 

Em suma, o grande ganho para diagnóstico de DM foi mais uma ferramenta que é o TTGO1h, permitindo maior acurácia e precisão. 

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