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Endocrinologia9 julho 2024

Diagnóstico de DMG com glicemia de jejum versus teste de tolerância oral à glicose

Palestra no Diabetes Rio traz questões sobre diferença de complicações obstétricas e neonatais entre o diagnóstico de DMG com GJ e TOTG

No último sábado, dia 06 de julho de 2024, o Rio de Janeiro contou com o evento regional Diabetes Rio, que apresentou diversas palestras sobre esse grande tema que envolve o diabetes mellitus.

Uma das aulas foi ministrada pela Dra. Lenita Zajdenverg  e trouxe um assunto bem relevante para a prática clínica do endocrinologista: diagnóstico de diabetes mellitus gestacional (DMG) no primeiro trimestre com glicemia de jejum (GJ) versus teste de tolerância oral à glicose (TOTG) no segundo trimestre: diferenças em relação a complicações obstétricas e neonatais.

 

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Introdução

O diabetes mellitus gestacional é definido como qualquer grau de redução da tolerância à glicose cujo início ou detecção ocorre durante a gravidez. O diagnóstico é realizado por busca ativa de maneira precoce com glicemia de jejum ao acaso ou com o teste específico entre 24-28 semanas de gestação com o TOTG.

 

Evidências mostradas na palestra

De modo inicial, a Dra. Lenita abordou um estudo francês de 2018 que mencionava que bebês grandes para idade gestacional (GIG), com paralisia e Erb ou fratura de clavícula foram mais frequentes quando o DMG foi diagnosticado antes da 22 semana de gestação. Já outro estudo conduzido na Maternidade Escola da UFRJ concluiu que gestantes com GJ entre 92-99 mg/dl sem fatores de risco  e sem intervenção precoce evoluíram de maneira similar àquelas que apresentavam GJ normal.

Sendo assim, foi interrogado ao público se a intervenção precoce seria capaz de mudar os desfechos materno-fetais.

Baseado em análises de mais estudos, foi observado que das gestantes diagnosticadas precocemente com DMG, mais de 50% precisaram de insulinoterapia em média 10 semanas após o diagnóstico, ou seja, antes do período de realização do TOTG.

Em relação à abordagem terapêutica, um grande estudo da The New England Journal of Medicine, citado pela Dra. Lenita, mostrou que 1/3 de mulheres com diagnóstico de DMG precoce, e que não sofreram intervenção, também não confirmaram DMG com o TOTG entre 24-28 semanas, principalmente aquelas que foram diagnosticadas com glicemias de jejum levemente alteradas.

Sendo assim, a análise de subgrupos sugeriu que o maior benefício de tratamento precoce se dava para pacientes com faixa glicêmica mais alta ou quando hiperglicemia havia sido identificada antes de 14 semanas de gestação, diminuindo desfechos materno-fetais.

A interrogação da palestrante foi: Seria necessário um novo consenso para diagnóstico e abordagem terapêutica do DMG?

Em encontro do International Association od Diabetes antes Pregnancy Study Groups (IADPSG), a proposta final foi a seguinte:  indicar TOTG antes de 20 semanas para gestantes com fatores de risco, utilizar valores de corte mais altos que os do TOTG de 24-28 semanas e considerar aspectos regionais como  recursos, custos e perspectivas assistenciais.

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Considerações finais e mensagem prática

A avaliação da glicemia de jejum é de extrema importância para diagnosticar e tratar precocemente o DM diagnosticado na gestação, porém o DMG preoce com GJ entre 92-125 mg/dl abrange uma heterogeneidade de fenótipos.

Então será que um novo consenso deve aumentar os valores de corte? E, no caso do Brasil, teríamos como avaliar os fatores de risco e realizar o TOTG ainda no primeiro trimestre?

A palestra se encerra ainda com lacunas a preencher, porém com reflexões importantes acerca de um tema tão prevalente na Endocrinologia.

Autoria

Foto de Juliane Braziliano

Juliane Braziliano

Médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Residência de Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência de Clínica Médica pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Editora-médica de Endocrinologia do Portal Afya.

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