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Endocrinologia13 setembro 2024

Desafios da prescrição de testosterona para disfunção sexual em mulheres

Estudos já demonstraram ação trófica da testosterona na integridade e contratilidade da musculatura vaginal.

A terapia de reposição hormonal na mulher no climatério e menopausa é tema de grandes polêmicas e controvérsias e ainda há muita dúvida sobre quando prescrever testosterona para mulher nessa fase da vida. Baseado nessa questão tão relevante, recentemente a FEBRASGO lançou um posicionamento sobre os desafios da prescrição de testosterona nas mulheres com disfunção sexual. 

A função sexual na mulher passa por inúmeras mudanças ao longo da vida. A prevalência de disfunção sexual aumenta com a idade e é mais marcante nas mulheres pós menopausa (natural ou cirúrgica) ou após tratamento oncológico. 

prescrição de testosterona para disfunção sexual em mulheres

Esteroides Sexuais

Fatores psicossociais e presença de comorbidades desempenham papel importante na sexualidade feminina, porém os esteroides sexuais estão fortemente associados a excitação, orgasmo e conforto geniturinário durante as relações sexuais. 

Nas mulheres, os estrogênios são responsáveis pela função reprodutiva enquanto os andrógenos são considerados hormônios metabólicos, vasculares e sexuais. A testosterona desempenha papel importante na vida sexual feminina por mecanismos ainda pouco compreendidos. 

Estudos já demonstraram ação trófica da testosterona na integridade e contratilidade da musculatura vaginal, além da preservação das fibras que estimulam e regulam as fases de lubrificação e excitação. 

De acordo com o Código Internacional de doenças (CID), o TDSH se refere a uma condição na qual a pessoa apresenta ausência ou redução significativa do desejo sexual, ou ainda da motivação para iniciar uma relação sexual, manifestada por algum dos seguintes critérios:  

  • Redução ou ausência de desejo sexual (pensamentos ou fantasias sexuais); 
  • Redução ou ausência para responder a sinais/estímulos eróticos; 
  • Incapacidade de sustentar o desejo sexual ou interesse quando uma relação sexual é iniciada. 

Tais manifestações devem ser persistentes há alguns meses e associadas a estresse importante para a paciente. 

Estima-se que a prevalência de TDSH no Brasil varie de 6,9% a 32,3% aumentando com a idade. 

Leia mais: Terapia de reposição hormonal em mulheres com histórico de trombose ou trombofilia

Prescrição

Atualmente, a única indicação clínica para prescrição de testosterona na mulher é a presença do diagnóstico de TDSH e mulheres na pós menopausa ou falência ovariana prematura. 

Apesar de a prescrição de testosterona ser uma opção para mulheres TDSH, ainda não há na literatura nenhum valor de corte para recomendação da prescrição baseada nos níveis séricos de testosterona na mulher. 

No Brasil, o tratamento é feito à base de testosterona manipulada para uso preferencial pela via transdérmica.  Para melhor absorção, o ideal é que a pele esteja seca e se mantenha seca por duas a seis horas, com atenção ao contato da pele com crianças e outros adultos. A recomendação é a formulação em gel ou creme de 1-5 mg/ml (dose diária de 300ug de testosterona) para manutenção de níveis fisiológicos. A dose pode ser aumentada em 5mg/dia a depender da resposta clínica e sempre visando o uso da menor dose terapêutica possível. 

A prescrição deve ser suspensa se não houver nenhuma melhora dos sintomas em até seis meses. É recomendado a dosagem sérica de testosterona no início do tratamento e três a quatro semanas após o início do mesmo para ajuste de dose. Uma vez que a dose for mantida, recomenda-se reavaliação a cada três meses. 

Como efeitos colaterais do uso em doses fisiológicas, os mais comuns são acne, aumento da pilificação e pele oleosa. 

A conclusão do posicionamento é de que o uso da testosterona transdérmica pode melhorar os sintomas das mulheres com TDSH. Dada a falta de formulações disponíveis no mercado, as mulheres que usam essa terapia precisam ser orientadas sobre a falta de dados de segurança sobre fórmulas manipuladas em relação à biodisponibilidade, farmacocinética e farmacodinâmica, além da falta de estudos de longo prazo. Além disso, o acompanhamento médico é de fundamental importância para o sucesso do tratamento. 

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Referências bibliográficas

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