O vitiligo é uma doença autoimune caracterizada pela perda progressiva de melanócitos, levando à despigmentação cutânea. Ocorre em indivíduos geneticamente predispostos e resulta da destruição imune dos melanócitos, mediada por linfócitos T citotóxicos. A doença possui impactos psicossociais significativos nos pacientes e seu tratamento é desafiador.
Patogênese
As citocinas IFN-y e IL-15 desempenham papel central na patogênese da doença, visto que o IFN-y produzido por células T de memória residentes estimula quimiocinas que atraem células T autorreativas, enquanto a IL-15, secretada por queratinócitos, contribui para a geração e manutenção das células T de memória residentes.
Desse modo, os inibidores da Janus quinase (iJAK) representam uma abordagem terapêutica emergente e promissora para o tratamento do vitiligo. São indicados, especialmente, em casos refratários ou com extensa área corporal acometida. O uso dos iJAK no vitiligo baseia-se na inibição da via JAK/STAT, que é central na patogênese da doença, mediando a destruição autoimune dos melanócitos por citocinas como IFN-y e IL-15.
Terapias
O creme de ruxolitinibe 1,5% é atualmente o único inibidor da JAK aprovado pelo FDA nos Estados Unidos para o tratamento de vitiligo não segmentar em adultos e adolescentes, sendo indicado principalmente para lesões faciais e áreas corporais menores que 10% da superfície corporal total. Estudos clínicos demonstraram repigmentação significativa, especialmente em lesões faciais, com o perfil de segurança favorável e poucos efeitos adversos locais.
Já nos pacientes que possuem doença extensa ou com progressão rápida, os iJAK orais (como upadacitinibe, tofacitinibe, baricitinibe, ritlecitinibe e povorcitinibe) têm mostrado resultados em ensaios clínicos e séries de caso, promovendo repigmentação e estabilização da doença. O uso oral requer monitoramento do paciente devido ao risco de infecções, alterações hematológicas e eventos cardiovasculares.
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Associação
A combinação de iJAK com fototerapia (UVB-NB) também pode potencializar a repigmentação e essa estratégia tem sido utilizada na prática clínica. Alguns estudos evidenciaram que a fototerapia concomitante aos iJAK foi significativamente associada a taxas mais altas de boa resposta geral.
Portanto, os iJAKs têm se mostrado potencialmente promissores para o tratamento do vitiligo, com um bom perfil de segurança e seu uso é recomendado em associação com outros tratamentos, como fototerapia, por exemplo, para maximizar a eficácia. Entretanto, é importante ressaltar que essa indicação deve ser contextualizada e individualizada, conforme extensão, atividade da doença e perfil de segurança do paciente.
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Autoria

Marselle Codeço Barreto
Médica pela Faculdade de Medicina Souza Marques e Dermatologista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Preceptora de Dermatologia e Dermatoscopia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ). Possui Título de Especialista em Dermatologia e é Membro Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM) e International Dermoscopy Society (IDS).
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