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Neurologia20 setembro 2022

Qual a melhor estratégia após falha a um inibidor da JAK na artrite reumatoide?

Neste artigo, conheça os detalhes de um estudo de coorte aninhada sobre o uso de iJAK versus biológicos no tratamento de artrite reumatoide.

Por Gustavo Balbi

Os inibidores da JAK (iJAK) são medicamentos recentemente aprovados para o tratamento da artrite reumatoide (AR). Em grande parte dos cenários de vida real, eles vêm sendo utilizados em pacientes falhados para medicamentos biológicos. Por esse motivo, faltam dados de efetividade sobre qual a melhor estratégia (iJAK vs. biológicos) nos pacientes falhados a um primeiro iJAK. 

Com o objetivo de avaliar a eficácia do uso de um segundo iJAK em pacientes com falha prévia, Pombo-Suarez et al. analisaram os dados de uma grande colaboração de registros chamada JAK-pot.

Leia também: Qual o melhor tratamento para a artrite reumatoide? Estudo de vida real compara DMARDs biológicos e sintéticos alvo específicos

medicamento no sus para tratamento para artrite reumatoide

Métodos

Neste estudo de coorte aninhada, foi realizada uma análise agrupada de dados sobre pacientes com AR obtidos de 17 registros nacionais de biológicos e iJAK. O objetivo primário foi avaliar a eficácia de um segundo iJAK vs. biológicos em pacientes previamente falhados a um iJAK, aferida através da taxa de retenção da droga.

Dentre os objetivos secundários, estavam a avaliação do motivo para interrupção do segundo tratamento após a falha ao iJAK índice e a evolução do CDAI ao longo do tempo de seguimento (avaliado de maneira retrospectiva). 

Resultados

Foram avaliados 2000 pacientes que falharam a um primeiro iJAK (61,5% tofacitinibe, 37,2% baricitinibe, 1,3% upadacitinibe e 0,005% filgotinibe). Desses, 365 receberam um novo iJAK e 1635 receberam um biológico. Comparados aos que começaram biológicos, os pacientes que iniciaram iJAK eram mais velhos, com maior duração de doença, mais frequentemente soropositivos, receberam previamente um maior número de biológicos e apresentaram uma maior exposição prévia ao primeiro iJAK. 

As taxas de retenção das medicações foram semelhantes entre os grupos após 2 anos de seguimento. No entanto, na análise ajustada, a troca por um segundo iJAK se associou com uma maior retenção (risco de suspensão HR 0,82; IC95% 0,68-0,99; p=0,04). Caso o motivo para a troca do primeiro iJAK tenha sido ineficácia, a causa mais provável para interrupção do segundo tratamento também foi ineficácia; de maneira análoga, caso o motivo para suspensão do primeiro iJAK tenha sido eventos adversos e um segundo iJAK tenha sido utilizado, o motivo mais provável para suspensão do segundo tratamento também foi a ocorrência de eventos adversos. 

A melhora no CDAI foi semelhante entre os grupos após 12 meses de seguimento (-10,8 para segundo iJAK vs. -10,4 para biológico, p=0,79), com grande variabilidade individual. 

Comentários

Esse grande estudo observacional traz evidências de que auxiliam na decisão frente à necessidade de troca de terapia após falha ao primeiro iJAK. Os dados nos mostram que a eficácia parece semelhante quando se opta por um segundo iJAK ou por um biológico. 

Um dado curioso é que os autores encontraram que a troca para um segundo iJAK se associa a uma maior retenção na análise ajustada. No entanto, se o motivo para troca do primeiro para o segundo iJAK foi evento adverso, esses pacientes são mais propensos a necessitar de suspensão do segundo iJAK também por eventos adversos. Sendo assim, é importante levarmos em consideração o motivo para troca ao se decidir pelo início de um segundo iJAK. Nesse cenário, talvez a troca para um biológico seja mais razoável.

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