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Dermatologia3 agosto 2024

Afecções dermatológicas na infância: Prurigo estrófulo

O tratamento do prurigo estrófulo é desafiador, pois envolve tentar evitar as picadas de insetos e tratar o prurido.

Prurigo estrófulo, também chamado urticária papular, é uma dermatose pruriginosa crônica e recidivante secundária à reação de hipersensibilidade a antígenos presentes na saliva de picada de insetos artrópodes (mosquito, pulga e percevejo), com necessidade de a criança ter sido picada várias vezes para ser sensibilizada.   

Veja também: Afecções dermatológicas na infância: Escabiose

Afecções dermatológicas na infância

Como diagnosticar o prurigo estrófulo? 

O diagnóstico é feito pela combinação de anamnese com exame físico usando o método mnemônico SCRATCH: 

  • Symmetric distribution – Distribuição simétrica (acomete superfícies expostas, geralmente poupa região de fraldas, palmas das mãos e plantas dos pés); 
  • Crops/Clusters of different coloration – Lesões agrupadas (geralmente aos pares ou trios) e com diferentes colorações (eritema, hipo ou hiperpigmentação); 
  • Rover not required: a ausência de exposição a animal doméstico ou fora de casa não exclui picada por inseto; 
  • Age specific – Idade específica – geralmente começa a partir de 12-24 meses de idade, com pico aos 2 anos de idade e pode ir até os 7-10 anos de idade, quando a criança tende a criar tolerância; 
  • Target lesions and time – Lesões em alvo (pápulas com vesícula central) e com tempo de duração de várias semanas: 1º pápulas eritematosas e com vesícula central aos pares em “fila indiana”, que em 24-72 horas são recobertas por crostas, podendo durar de 4-6 semanas, e deixar máculas hipocrômicas ou hipercrômicas por meses;   
  • Confused pediatrician/parent – Confusão por parte dos pais e/ou do médico assistente relativamente à etiologia das lesões: os familiares/o médico muitas vezes custa(m) a acreditar que a origem da lesão foi um inseto como pulga; 
  • Household with single family member affected – Único membro na família afetado (por conta da necessidade de ter hipersensibilidade). 

Alguns pacientes podem ter lesões bolhosas aos pares em extremidades, o que não é uma apresentação comum. 

O local das lesões pode refletir o agente da picada: 

  • Áreas expostas do corpo como membros superiores e inferiores (região extensora) são mais típicas de pernilongos e mosquitos; 
  • Tronco e região da cintura próxima ao elástico de calças/saias/bermudas/fraldas com lesões papulares em dupla ou trio são mais típicas de percevejos e pulgas; 
  • Tronco e face incluindo pálpebra: percevejos conhecidos como “bedbugs” podem gerar lesões únicas ou múltiplas com progressão de mácula eritematosa para pápula ou placa, que se forem várias podem coalescer.

Como tratar? 

O tratamento envolve três pilares principais: 

  1. Prevenir a picada de insetos usando: telas mosquiteiras nas janelas e portas de casa, roupas de mangas longas, calças compridas e meias em lugares com maior concentração de insetos, repelentes (depois dos seis meses de idade e só em situações de muita exposição nos maiores de dois meses de idade), roupas impregnadas com permetrina e mosquiteiros com elásticos em berços e carrinhos de bebê, eliminar focos de procriação de insetos;   
  2. Controle do prurido com:  
    • Anti-histamínico de 2ª geração como desloratadina xarope 0,5mg/mL conforme idade: 
      • 6-11 meses: 2 mL (1 mg) VO 1x/dia; 
      • 1-5 anos: 2,5 mL (1,25 mg) VO 1x/dia; 
      • 6-11anos: 5 mL (2,5 mg) VO 1x/dia; 
    • Corticóide tópico: Furoato de Mometasona Tópico pomada 1% aplicar uma fina camada nas lesões mais inflamadas 1x/dia por até 5 dias (evitar aplicar na face); 
    • Manutenção das unhas cortadas e passar hidratante na pele não lesada 1 a 2x/dia; 
    • Situações mais graves com vesículas bolhosas podem requerer curso de 35 dias prednisolona 1mg/kg/dia via oral;
  3. Paciência: conversar com os responsáveis que apesar de recorrente, geralmente ocorre cura espontânea depois de 1-2 anos por dessensibilização pela exposição recorrente aos alérgenos da saliva do inseto.

Como pode complicar? 

Pode complicar com infecção bacteriana secundária por Staphylococcus aureus ou Streptococcus pyogenes, com necessidade de antibioticoterapia na maioria das vezes tópica com mupirocina creme 2% passar 2x/dia por 7 dias. Se a lesão for mais extensa, avaliar cefalexina 50-100mg/kg/dia de 6/6 horas via oral por 7 dias. 

Raramente pode evoluir com anafilaxia. 

Saiba mais: Afecções dermatológicas na infância: Impetigo

Conclusão 

O tratamento do prurigo estrófulo é desafiador, pois envolve tentar evitar as picadas de insetos e tratar o prurido, mas saber que com o passar dos anos geralmente ocorrerá dessensiblização na maioria dos casos traz conforto.  

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