Logotipo Afya
Anúncio
Clínica Médica26 julho 2021

Visão da fisiatria na paralisia cerebral (PC)

Paralisia Cerebral descreve um grupo de desordens não progressivas ocorridas durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou de recém-nascidos.

Por Carmen Orrú

O termo Paralisia Cerebral (PC) descreve um grupo de desordens não progressivas ocorridas durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou de recém-nascidos (até dois anos de vida). Esses distúrbios afetam o desenvolvimento e movimento, causando limitação na execução de tarefas. 

As desordens motoras podem ser acompanhadas de convulsões, distúrbios de comportamento, sensação, percepção, cognição, comunicação, visão, audição, deglutição, afecções cardiopulmonares, gastrointestinais, geniturinárias e/ou problemas musculoesqueléticos secundários. 

Leia também: Condições crônicas maternas podem ser preditoras de paralisia cerebral na prole

Epidemiologia

A PC é a incapacidade física mais comum na infância. A prevalência é de cerca de 1 – 4 por 1000 nascidos vivos, sendo maior em países em desenvolvimento. O risco aumenta em recém-nascidos com baixo peso ou prematuros. 

A notícia boa é que a taxa de mortalidade geral de crianças com incapacidades graves está diminuindo em cerca de 3,4% por ano graças ao melhor entendimento e tratamento dessa afecção.

Etiologia e classificações

A etiologia é multifatorial, variando de causas pré-natais, neonatais ou pós-neonatais, que geram um insulto ao cérebro. Esse insulto gera morte celular e neurotoxicidade. 

Tipos clínicos

Avaliação fisiátrica

O médico Fisiatra realiza a avaliação das funções físicas, mentais, desenvolvimento neuropsicomotor, interação com o ambiente e atividades de vida diária.

Na PC é necessário realizar um exame musculoesquelético e neurológico detalhado, com o objetivo de avaliar amplitude de movimento articular, deformidades ou desalinhamentos (coluna, quadril, tornozelo, principalmente) força, tônus, espasticidade, sensibilidade, bem como, aplicar as escalas de classificações funcionais e prognóstico.

A classificação mais utilizada, na prática clínica, é a Gross Motor Functional Class (GMFCS), que divide o quadro clínico da PC em cinco categorias (I, II, III, IV e V) com base na mobilidade e uso de dispositivos auxiliares de marcha.

Tratamento

Vale a pena repetir que para otimizar o tratamento, o indivíduo com paralisia cerebral (PC) deve ser seguido por uma equipe multidisciplinar, contando com médicos de diferentes especialidades (Fisiatras, Neurologistas, Ortopedistas, Oftalmologistas, Gastroenterologistas, dentre outros) e terapeutas (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicoterapeutas, nutricionistas, educadores físicos, enfermeiros).

O tratamento deve ser baseado em metas reais e possíveis ao paciente (ter objetivos claros e focados), bem como é imprescindível conversar com a família sobre prognósticos, inserção social e escolar e direitos da pessoa com deficiência. Quando possível, deve-se estimular interesses profissionais e esporte. 

Hoje em dia, várias tecnologias, como, por exemplo, jogos e realidade virtual tem sido utilizada na reabilitação.

O Fisiatria tem o objetivo de melhorar a funcionalidade — melhora da independência nas atividades básicas da vida diária e os cuidados do dia-a-dia, qualidade de vida e mobilidade do paciente. 

Saiba mais: Adultos com paralisia cerebral têm maior risco de depressão e ansiedade

Faz o seguimento do desenvolvimento neuropsicomotor, tratamento de espasticidade — para evitar deformidades, dor e facilitar a atividade física, prescrição de tecnologias assistivas (órteses, andadores, cadeiras de rodas, etc) e gestão da equipe de reabilitação. Além de acompanhar a saúde geral, como o aparecimento de lesões de pele, constipação, refluxo gastroesofágico, alterações urinárias, alterações de deglutição, fala e sono.

O estímulo do brincar, a socialização com a família e com amigos e a manutenção dos exercícios diários é uma tarefa importante aos cuidadores. Isso ajuda a melhorar o conforto e qualidade de vida dos pacientes com paralisia cerebral (PC).

Referências bibliográficas:

  • Bax M, et al. Proposed definition and classification of cerebral palsy, April 2005. Dev Med Child Neurol. 2005 Aug;47(8):571-6. doi: 10.1017/s001216220500112x.
  • Bleck EE. Orthopaedic Management in Cerebral Palsy. London: Mac Keith Press, 2007.
  • Koman LA, et al. Cerebral palsy. The Lancet. 2004;363(9421);P1619-1631. doi: 10.1016/S0140-6736(04)16207-7
  • Krigger KW, et al. Cerebral palsy: an overview. Am Fam Phisician. 2006 Jan 1;73(1):91-100.
  • AACD. Reabilitação. 2ª ED. Barueri, SP: Editora Manole, 2014
  • GMFCS – E & R. Sistema de Classificação da Função Motora Grossa. Disponível em: https://canchild.ca/system/tenon/assets/attachments/000/000/075/original/GMFCS-ER_Translation-Portuguese2.pdf
  • Graham HK, et al. The Functional Mobility Scale (FMS). J Pediatr Orthop. Sep-Oct 2004;24(5):514-20.
     doi: 10.1097/00004694-200409000-00011. 
  • Eliasson A-C, et al. The Manual Ability Classification System (MACS) for children with cerebral palsy: scale development and evidence of validity and reliability. Dev Med Child Neurol. 2006 Jul;48(7):549-54. doi: 10.1017/S0012162206001162.
  • Elvrum A-KG, et al. Bimanual Fine Motor Function (BFMF) Classification in Children with Cerebral Palsy: Aspects of Construct and Content Validity. Phys Occup Ther Pediatr, 2016;26:1-12. doi.: 10.3109/01942638.2014.975314
  • Ministério da Saúde (BR). Diretrizes de atenção à pessoa com paralisia cerebral / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 20.
  • Associação Brasileira de Paralisia Cerebral. Site oficial. Disponível em: https://paralisiacerebral.org.br/
Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo