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Clínica Médica29 agosto 2024

Ibrutinibe associado a transplante autólogo em primeira linha

Estudo avalia a eficácia do ibrutinibe em combinação com imunoterapia e transplante autólogo de células-tronco (TCTH).
Por Felipe Mesquita

O estudo TRIANGLE é um ensaio clínico de fase 3, aberto, randomizado e com três braços, desenhado para avaliar a eficácia do ibrutinibe em combinação com imunoterapia e transplante autólogo de células-tronco (TCTH) em pacientes previamente não tratados com linfoma de células do manto (LCM). Seguem os principais detalhes extraídos do estudo: 

médico prescrevendo ibrutinibe

Desenho do Estudo e Objetivos 

O objetivo do estudo foi determinar se a adição de ibrutinibe à imunoterapia convencional, com ou sem TCTH autólogo em primeira linha, poderia melhorar os desfechos em pacientes com linfoma de células do manto. Os participantes foram randomizados em três grupos: 

  • Grupo A (TCTH autólogo): Imunoterapia padrão (R-CHOP/R-DHAP) seguida de TCTH. 
  • Grupo A+I: Imunoterapia combinada com ibrutinibe seguida de TCTH. 
  • Grupo I (Ibrutinibe sem TCTH): Ibrutinibe combinado com imunoterapia, porém sem TCTH. 

Leia mais: Linfoma do manto: informações importantes ao médico

Participantes e Métodos 

Número de Participantes: Um total de 870 pacientes foi incluído no estudo, dos quais 662 eram homens e 208 eram mulheres. 58% dos pacientes foram classificados como MIPI de baixo risco, 27% risco intermediário e apenas 15% como alto risco. Aproximadamente 12% dos pacientes apresentavam citologia blastoide.  

Período de Seguimento: A mediana do tempo de seguimento foi de 31 meses. 

Grupos de pacientes:  

  • O Grupo A recebeu seis ciclos alternados de R-CHOP e R-DHAP, seguidos por TCTH. 
  • O Grupo A+I recebeu ibrutinibe, além do regime R-CHOP/R-DHAP, e continuou com manutenção de ibrutinibe por 2 anos após o TCTH. 
  • O Grupo I recebeu ibrutinibe juntamente com R-CHOP/R-DHAP, mas não passou por TCTH. 

O estudo permitiu a adição de terapia de manutenção com rituximabe a todos os grupos, o que resultou em uma melhora na SLP, independentemente do grupo. Pacientes que receberam ibrutinibe e manutenção com rituximabe apresentaram uma toxicidade ligeiramente maior, mas com viabilidade semelhante em termos de duração da terapia de manutenção. 

Saiba mais: Imunoterapia e toxicidade cardiovascular: tudo que o onco precisa saber 

Resultados 

  • Superioridade do Grupo A+I: O estudo demonstrou que o Grupo A+I (Ibrutinibe com TCTH) apresentou resultados superiores em comparação com o Grupo A (TCTH sem Ibrutinibe). A sobrevida livre de falha em 3 anos (SLF) no Grupo A+I foi de 88% (IC 95%: 84–92) versus 72% no Grupo A (hazard ratio (HR) 0,52; p unilateral = 0,0008). 
  • A Sobrevida Livre de Progressão (SLP) em 3 anos foi significativamente melhor nos grupos que receberam Ibrutinibe. O Grupo A+I (Ibrutinibe mais imunoterapia) apresentou uma SLP de 88%, enquanto o Grupo I (apenas ibrutinibe) teve uma SLP de 87%, comparado ao Grupo A (somente imunoterapia), que teve uma SLP de 73%. 
  • Houve avaliação de sobrevida global (SG), porém sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Os autores do estudo atribuem tal fato ao tempo de seguimento curto de 31 meses. 
  • Não foi demonstrada a superioridade do Grupo A sobre o Grupo I, com o Grupo I apresentando uma SLF em 3 anos de 86% (IC 95%: 82–91) versus 72% no Grupo A. 
  • A incidência cumulativa de tratamento de resgate em 3 anos foi menor no Grupo A+I (5,8%) em comparação ao Grupo A (18,2%) e ao Grupo I (10,1%). No entanto, uma maior proporção de pacientes no Grupo A que apresentaram falha na primeira linha de tratamento foram tratados com ibrutinibe. 
  • Não houve superioridade demonstrada do Grupo A+I (Ibrutinibe com TCTH) sobre o Grupo I (Ibrutinibe sem TCTH). Ambos os grupos apresentaram resultados semelhantes em termos de sobrevivência livre de falha (SLF) em 3 anos: 
  • Grupo A+I: 88% (IC 95%: 84–92) 
  • Grupo I: 86% (IC 95%: 82–91) 

Eventos Adversos  

Durante os períodos de manutenção ou seguimento, o Grupo A+I apresentou uma incidência maior de eventos adversos hematológicos de grau 3 a 5 e infecções, em comparação com os Grupos I e A. Notadamente, 50% dos pacientes no Grupo A+I apresentaram eventos adversos hematológicos de grau 3 a 5, e 25% relataram infecções graves. 

Veja também: Onco-hematologia: O que saber sobre desfechos substitutos em estudos?

Subgrupos especiais 

Os pacientes com mutação do TP53 foram os que obtiveram maior ganho com a adição do Ibrutinibe, com um Hazard Rattio (HR) de 0,14 (98·3% CI 0–0·57). 

Conclusão 

Esses resultados sugerem que a combinação de ibrutinibe com TCTH oferece desfechos superiores em comparação ao TCTH isolado para o linfoma de células do manto não tratado, embora esteja associada a um aumento de eventos adversos. 

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Referências bibliográficas

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