A pandemia de covid-19 causou mais de 7 milhões de óbitos em todo o mundo. Pacientes que apresentam casos leves ou graves da doença podem desenvolver sintomas persistentes característicos da síndrome pós-covid ou covid longa .
A síndrome pós-covid pode ser definida pela presença de sintomas persistentes cerca de quatro semanas ou mais após a infecção aguda, sem outros fatores que justifiquem o surgimento desses. Mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo podem apresentar a doença que leva à pior qualidade de vida, a prejuízos no trabalho ou na escola e a demandas aos serviços de saúde.
Os sintomas mais prevalentes incluem a fadiga crônica, tosse e dispneia. Diversos fatores atuam na fisiopatologia da doença, ainda pouco esclarecida. Acredita-se que o SARS-CoV-2 tenha uma ação direta sobre diversos órgãos como coração, pulmão, endotélio, intestino e músculo. Além disso, a alteração na microbiota intestinal e pulmonar e o surgimento de fatores autoimunes podem estar relacionados ao surgimento da doença.
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Cerca de 80% dos pacientes terão pelo menos um sintoma após três meses de seguimento pós-alta e quanto maior a gravidade da fase aguda, maior a chance de sintomas persistentes a longo prazo.
A dispneia pode estar relacionada a diversos fatores, entre eles a presença de lesão muscular direta, a fibrose pulmonar, a respiração disfuncional e a própria fadiga crônica. Ainda assim, pacientes portadores de doenças respiratórias ou cardiovasculares crônicas podem experimentar piora do quadro e progressão após uma infecção aguda.
Cerca de 50% dos pacientes com covid longa não voltam ao trabalho no tempo recomendado, apresentando níveis de absenteísmo escolar e profissional elevados quando comparados aos de outras doenças infecciosas.
O impacto da doença também apresenta relação direta com a presença de estresse pós-traumático, relatado como um dos principais sintomas nas diversas séries de seguimento pós-covid. Os tratamentos devem ser individualizados, sendo a reabilitação a modalidade mais aceita e estudada na redução de sintomas físicos e psíquicos, apresentando boa resposta na maioria dos casos. A sobrevida global de pacientes acometidos parece ser menor em relação aos saudáveis.
Indivíduos vacinados apresentam incidência menor de síndrome pós-covid, provavelmente por efeitos gerados na proteção da fase aguda da doença. Além de adultos, crianças também podem ser acometidas pela covid longa em menores proporções, apresentando sinais de irritabilidade e tosse.
Identificar esses indivíduos da pandemia de pós-covid é fundamental para detecção precoce de alterações e intervenções necessárias. Futuras pandemias, boa parte delas de caráter infeccioso, podem ter comportamento semelhante e se beneficiar de abordagens parecidas.
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Mensagens práticas:
- A covid longa é uma doença emergente com potencial de inúmeras vítimas sobreviventes da fase aguda;
- Sintomas persistentes como fadiga, tosse e dispneia, além de estresse pós-traumático são os mais encontrados;
- Não há tratamento específico e a reabilitação pode ser útil. Indivíduos vacinados apresentam menores chances de desenvolver a doença a longo prazo.
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