Desde dezembro de 2019, com o primeiro caso de pneumonia por infecção de um novo coronavírus (SARS-CoV-2) relatado pela OMS, aproximadamente 552 milhões de pessoas foram confirmadas para covid-19 e mais de 4,3 milhões de pessoas morreram.
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Enquanto muitos estudos fixaram a gravidez como fator de risco com desfechos maternos pobres, grandes coortes discordaram pelos poucos efeitos deletérios dos desfechos fetais. Como a doença é nova, há menos casos para criar uma amostra com poder suficiente para afirmar as correlações. A associação com parto prematuro, perdas fetais ou natimortos com infecção pelo SARS-CoV-2 permanece incerta.
Análise
Uma revisão recente publicada no American Journal of Obstetrics and Gynecology trouxe uma síntese do que a literatura tem até agora elucidado sobre o tema com mais casos estudados.
Os achados mais relevantes de 184 mães e 190 fetos mostraram que as perdas fetais acontecem em geral de 6-13 dias após a infecção ou logo após o parto (estudos entre 14 e 39 semanas de gestação). Apesar da perda fetal, não se encontrou ligação com a gravidade do quadro materno ou comorbidades ou mal formações congênitas.
A maioria das placentas (88%) apresentou positividade para SARS-CoV-2 (com placentite), sugerindo passagem transplacentária do vírus para o feto. Essa transmissão também responde pelos quadros de insuficiência placentária demonstrada por grande depósito de fibrina e intervilosite em 78% dos casos.
Na avaliação fetal, 11 casos (5,8%) e 114 (60%) tiveram sua transmissão intraútero confirmada ou possível, respectivamente.
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Mensagem final
A síntese do trabalho de revisão demonstrou que os natimortos e as perdas fetais em mães infectadas pelo SARS-CoV-2 acontecem em sua maioria no terceiro trimestre e poucos dias após a infecção. A maioria dos casos é por transmissão transplacentária causando insuficiência placentária e eventualmente hipóxia fetal.
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