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Endocrinologia26 abril 2024

Ablação por radiofrequência em nódulos tireoidianos benignos

Em pacientes apropriados, a RFA é uma alternativa razoável à tireoidectomia para abordagem de nódulos tireoidianos.

Nódulos tireoidianos são relativamente comuns, sendo palpáveis em 4% a 7% da população mundial e detectáveis pela ultrassonografia de tireoide em, até, dois terços dos habitantes.  

Apesar de a cirurgia ser uma técnica segura e efetiva para intervenção dos nódulos quando necessária, muitos pacientes, em especial os que possuem nódulos benignos, acabam postergando ou evitando a cirurgia devido aos riscos inerentes dela e pela necessidade de reposição hormonal por tempo prolongado.  

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Recentemente, o The Journal of Clinical Endocrinology & Metabology da Endocrine Society publicou uma atualização sobre a ablação por radiofrequência em nódulos tireoidianos benignos. Segue abaixo um breve resumo dela.  

A ablação por radiofrequência (RFA) é uma técnica relativamente nova que vem ganhando espaço nos últimos anos para abordagem de nódulos tireoidianos benignos.  Trata-se de técnicas minimamente invasivas nas quais, um probe de ultrassonografia é posicionado no local da lesão e aplica altas temperaturas, gerando apoptose celular com consequente necrose do tecido acometido. 

Enquanto a RFA é minimamente invasiva, eliminando a necessidade de anestesia geral, cicatriz cervical e tempo de recuperação, o seu principal diferencial é a preservação do estado eutireoidiano. Disfunção tireoidiana transitória pode ocorrer, porém a taxa de hipotireoidismo a longo prazo é extremamente baixa.  

Apesar de pouco frequentes, podem ocorrer complicações como: lesão de nervo laríngeo recorrente ou vago, rouquidão, ruptura e/ou recrescimento do nódulo. Complicações menores incluem queimadura de pele, hematoma local e tosse persistente.  

Mulher apalpando nódulos tireoideanos

A seleção/consentimento dos pacientes 

A escolha do paciente é fundamental para o sucesso do tratamento. Muitas sociedades sugerem a necessidade de pelo menos duas punções aspirativas por agulha fina (PAAF) benignas ou uma biópsia benigna associada a características de benignidade ao ultrassom. Além disso, em nódulos funcionantes, não há necessidade de PAAF desde que a ultrasssonografia mostre características benignas.  

Outro ponto importante é a sintomatologia do paciente.  Sensação de globus ou pressão cervical, disfagia, dispneia, alteração vocal ou nódulo que incomode a aparência do paciente são sintomas que favorecem a indicação de RFA.  

O paciente ideal é aquele com nódulo tireoidiano dominante (maior que dois centímetros ou 20ml) e bem definido aliado a sintomas presentes. Deve-se ter atenção aos casos de bócio multinodular, visto que a sintomatologia dele pode ser decorrente de múltiplos nódulos ou nódulos subesternais ou processo pseudonodular.  

Já os pacientes com nódulos funcionantes autônomos, também podem se beneficiar da técnica com o intuito de descontinuar a terapia com drogas antitireoidianase e restaurar a função tireoidiana. Entretanto, o sucesso da técnica depende do tamanho do nódulo, sendo mais eficaz em nódulos menores.  

Desse modo, o paciente deve ser orientado sobre as diversas modalidades terapêuticas, suas vantagens, expectativas e limitações. Como a RFA reduz, porém não elimina o nódulo, os pacientes devem assumir um compromisso de seguimento de sua condição com médico de confiança.  

Desfechos  

Em pacientes apropriados, a RFA é uma alternativa razoável à tireoidectomia para abordagem de nódulos tireoidianos.  

A redução máxima do volume tireoidiano ocorre em seis meses, com pequenas reduções subsequentes em dois a três anos após o procedimento. 

O recrescimento do nódulo é definido como aumento do volume em 50% ou mais baseado no menor volume do nódulo e pode requerer tratamento adicional.  

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Conclusão 

A RFA é um procedimento de baixo risco aplicado para nódulos tireoidianos benignos apresentando resultados excelentes na maior parte dos casos. A maioria dos pacientes apresenta redução de 50-80% do volume tireoidiano após uma única sessão de RFA.  

Complicações são pouco frequentes e o tratamento traz melhora à qualidade de vida do paciente. No entanto, o resultado depende da seleção de paciente adequado, bem como da técnica/experiência do profissional que faz o procedimento.  

A escolha apropriada do paciente, as corretas orientações do médico e o consentimento do paciente aliados a uma boa técnica de RFA são primordiais para a excelência do resultado.  

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Referências bibliográficas

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