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Cirurgia10 setembro 2024

Piloroplastia pós-esofagectomias

Uma revisão sistemática foi publicada com o intuito de comprovar se os benefícios trazidos pela piloroplastia realmente diminuem a taxa de complicação da esofagectomia.
Por Felipe Victer

Tradicionalmente, nas cirurgias de esofagectomia que envolvem a reconstrução esofágica com o uso do estômago, é utilizado um procedimento sobre o piloro para facilitar o esvaziamento do tubo gástrico. A base teórica para a realização dessa plastia pilórica é a facilitação da drenagem do tubo gástrico ao manter o piloro constantemente aberto.  

Ultimamente, com o uso da cirurgia minimamente invasiva, muitos serviços advogaram a não realização da piloroplastia, por julgar desnecessária, ou até mesmo provocar piora na qualidade de vida, com um maior percentual de lesão da mucosa gástrica pelo refluxo biliar.  

Portanto, uma revisão sistemática foi publicada em agosto de 2024 com o intuito de verificar se os benefícios, que em teoria a piloroplastia poderia trazer, realmente diminuem a taxa de complicação. 

 

Método 

Busca sistemática por artigos prospectivos randomizados que comparassem esofagectomias com e sem piloroplastia. Os artigos não poderiam ser retrospectivos.  

Veja também: Gastrosquise: abordagem cirúrgica – Portal Afya

 

Resultados  

Foram selecionados 9 artigos publicados entre 1985 e 2016, que preencheram os critérios necessários, para estudo. Os estudos possuíam 529 pacientes, sendo 524 (99%) operados por câncer de esófago. No total, 27 pacientes receberam algum tipo de procedimento de drenagem pilórica. A idade média foi de 58,6 anos e uma proporção muito maior de homens.   

Dados sobre a mortalidade foram extraídos de 3 estudos; num total de 347 pacientes, não houve diferença de mortalidade entre os grupos RC 0,85 IC 95% (0,43-1,69). De forma semelhante, a fístula anastomóticas apresentou RC 0,57 95% (0,21-1,51) p=0,25.  Quanto ao tempo de esvaziamento gástrico, o grupo sem piloroplastia apresentou maior retardo no esvaziamento RC 2,75 95%(1,28 – 5,91) p=0,009, com uma grande heterogeneidade da amostra.  

 

Discussão  

Essa discussão sobre piloroplastia nas esofacecomias é antiga e continua sendo um tema de bastante debate. Mesmo assim é possível encontrar diversos artigos a respeito do tema. O fato de não necessitar de uma piloroplastia, diminui o tempo operatório que pode ser bastante benéfico nesse tipo de procedimento.  

Com o desenvolvimento de novas tecnologias, se advoga o uso de dilatações pneumáticas, ou até mesmo o G-POEM, no tratamento do esvaziamento gástrico identificado em pacientes submetidos a esofactomias. No entanto, ainda faltam dados para uma melhor determinação de qual a melhor abordagem a ser adotada nos diferentes cenários.  

Na conclusão dos autores, a piloroplastia não diminui taxas de complicação, sendo, portanto, desnecessária sua realização.  

 

Para levar para casa   

Por mais notório que seja um conceito na medicina, ele pode mudar. Lesões do nervo vago são imediatamente relacionadas à piloroplastia, sendo esse um dos motivos históricos para a indicação da vagotomia. No entanto, a evidência nos mostra que pode ser um método desnecessário e apenas agregar tempo ao procedimento.  

 

Leia mais sobre cirurgia:

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Referências bibliográficas

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