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Oncologia3 setembro 2024

Olanzapina como profilaxia antiemética em quimioterapia

Um dos efeitos mais frequentes da quimioterapia é a náusea, que ocorre em graus variados em grande parte dos protocolos.
Por Lethícia Prado

Mesmo com os avanços no tratamento oncológico das últimas décadas, os efeitos colaterais associados à quimioterapia seguem sendo motivo de grande preocupação por parte de médicos e pacientes. Um desses efeitos mais frequentes é a náusea, que ocorre em graus variados em grande parte dos protocolos.  

Dentre as drogas quimioterápicas que causam maior potencial emetogênico, destacam-se esquemas com carboplatina, oxalipatina e irinotecano,1 com risco de até 90% de vômitos. Para esses esquemas, os principais guidelines como ESMO (European Society for Medical Oncology) e ASCO (American Society of Clinical Oncology), já trazem orientações de profilaxia utilizando inibidores de 5-HT3, como palonosetrona e antagonistas de NK-1, como aprepitanto.

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Levando em consideração que mesmo com o acréscimo dessas drogas ainda há muito a melhorar quanto ao controle de sintomas, um estudo publicado no JAMA ( The Journal of the American Medical Association) buscou avaliar se o acréscimo de olanzapina aos protocolos considerados moderadamente emetogênicos seria capaz de reduzir a incidência de náuseas e vômitos.  

A olanzapina, antipsicótico atípico com ação em vários neurotransmissores, age no controle da náusea e vômito possivelmente através do bloqueio de receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos, principalmente 5-HT2c e 5-HT3.4.

Esse estudo fase III, randomizado, recrutou pacientes maiores do que 18 anos com tumores sólidos, que estavam recebendo tratamento com esquemas quimioterápicos baseados em oxaliplatina, carboplatina ou irinotecano. Foi realizada randomização 1:1 com ambos os grupos recebendo dexametasona, aprepitanto e palonosetrona, com o acréscimo de olanzapina no grupo experimental.  

Os pesquisadores determinaram como end point primário o que definiram como resposta completa, detalhada como ausência de náuseas ou vômitos (graduação menor do que 5 em uma escala visual de 1 a 100) e sem necessidade de medicações de resgate. Os end points secundários incluíram a proporção de pacientes com náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia, uso de medicações de resgate e efeitos adversos.  

Foram incluídos 560 pacientes, com idade mediana de 51 anos, com ambos os grupos recebendo palonosetrona 0,25mg IV no D1, dexametasona 12mg IV no D1, aprepitanto 125mg VO no D1 e 80mg VO no D2 e D3. O grupo experimental recebeu também olanzapina 10mg VO do D1 ao D3 de quimioterapia.  

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O estudo traz como conclusão que o acréscimo de olanzapina ao esquema quimioterápico foi responsável por melhorar as taxas de resposta completa quanto a náuseas e vômitos em 9%, mantendo-se um pouco abaixo do parâmetro usualmente encontrado nos principais guidelines, que consideram uma melhoria maior ou igual a 10% como relevante para a prática clínica.

Quanto aos efeitos adversos relacionados à terapia experimental, foi relatado sonolência grau 1 em 10% dos pacientes, sem outras queixas.  

O ensaio conclui que a adição de olanzapina 10mg aos esquemas contendo aprepitanto, palonosetrona e dexametasona pode ser considerado como opção em pacientes em tratamento com quimioterapia à base de irinotecano, carboplatina e oxalipatina uma vez que trouxe melhoras nas taxas de náuseas e vômitos com reduzido impacto quanto a efeitos adversos.

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