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Cirurgia2 setembro 2024

Gastrosquise: abordagem cirúrgica

Apesar de ser uma malformação considerada rara, a prevalência da Gastrosquise vem aumentando nas últimas décadas, principalmente nos casos de mães jovens.

A gastrosquise é uma malformação congênita da parede abdominal caracterizada por um defeito da parede abdominal total, adjacente e lateral ao cordão umbilical, por onde ocorre a extrusão de órgãos intra-abdominais. Nesse tipo de defeito, todo o conteúdo exposto fica eviscerado, sem proteção de uma membrana, como ocorre nas onfaloceles. 

Apesar de ser uma malformação considerada rara no geral, sua prevalência vem aumentando ao longo das últimas décadas, principalmente nos casos de mães jovens, com menos de 20 anos de idade.  

A abordagem da gastrosquise é multidisciplinar e tem início no período pré-natal. O diagnóstico correto da malformação, assim como o acompanhamento das condições do feto, dos órgãos expostos e da gestante, é fundamental para que possa ser oferecida a melhor assistência pós-natal.  

O planejamento do parto envolve a idade gestacional e achados ultrassonográficos sobre o feto e sobre o aspecto dos órgãos eviscerados que ficam expostos ao líquido amniótico durante o período gestacional. A via vaginal não é uma contraindicação absoluta, no entanto, deve ser considerada em casos selecionados. 

A gastrosquise é uma emergência e deve ser avaliada imediatamente após o nascimento pela equipe cirúrgica especializada. A avaliação do conteúdo exposto e das condições do bebê irão definir a abordagem terapêutica a ser realizada. 

A primeira medida a ser tomada após a avaliação é a proteção do conteúdo exposto e seu posicionamento correto, preservando sua vascularização. O tratamento padrão para gastrosquise ao longo das últimas décadas envolve a cirurgia para redução do conteúdo herniado através do defeito, seguida do fechamento da parede abdominal. Esse procedimento pode ser realizado de forma primária ou em dois tempos.  

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Nos casos onde o conteúdo exposto não possa ser completamente reduzido, um silo é confeccionado e preso na parede abdominal, envolvendo todo o conteúdo que permaneceu fora da cavidade abdominal. Esse conteúdo vai sendo reduzido gradativamente, através do silo, até que se consiga realizar a síntese da parede abdominal sem intercorrências. O objetivo é sempre reduzir completamente o conteúdo de forma segura, evitando complicações como a síndrome compartimental abdominal.  

Além do tratamento cirúrgico padrão em tempo único ou estagiado com o auxílio do silo, há ainda a possibilidade da “abordagem sem sutura”. Nesses casos, o conteúdo eviscerado é reduzido integralmente e o defeito da parede é ocluído pelo cordão umbilical, sendo protegido por curativos adesivos. O fechamento ocorre por segunda intenção, sem a necessidade de sutura cirúrgica. 

A indicação da técnica cirúrgica adequada para cada caso está diretamente relacionada à avaliação da equipe de cirurgia pediátrica o mais breve possível após o nascimento. O aspecto e quantidade de órgãos expostos, assim como a condição do feto irão definir qual técnica será mais adequada para cada caso. 

Independente da técnica a ser adotada, o tratamento deverá ser realizado o mais precoce possível, podendo ser realizado no momento do nascimento, imediatamente após o parto. Na maioria dos casos, a abordagem terapêutica ocorre nas primeiras 24 horas após o nascimento. 

 

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