A ocorrência da pandemia permitiu o maior o debate sobre a telemedicina e expandiu sua utilização no Brasil, se tornando uma forma de levar assistência a regiões do interior do país, que historicamente foram desassistidas, bem como dar vazão a demandas reprimidas dos sistemas de saúde.
Apesar dos seus benefícios, disparidades de acesso a instrumentos tecnológicos, seja por questões econômicas, seja por dificuldade de lidar com os dispositivos ainda são questões que atrapalham sua difusão.
No Brasil, a resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2.314/2022, que regulamenta a telemedicina, a define como “o exercício da medicina mediado por Tecnologias Digitais, de Informação e de Comunicação (TDICs), para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões, gestão e promoção de saúde”.
Modalidades
As seguintes modalidades de teleatendimentos médicos podem ser exercidas:
- Teleconsulta: consulta médica não presencial, com médico e paciente em locais diferentes;
- Teleinterconsulta: quando há troca de informações e opiniões entre médicos, com ou sem a presença do paciente;
- Telediagnóstico: emissão de laudo ou parecer de exames a partir de imagens e dados enviados pela internet;
- Telecirurgia: quando o procedimento é feito por robô manipulado por um médico em outro local;
- Telemonitoramento ou televigilância: coordenação, indicação, orientação e supervisão de parâmetros de saúde ou doença;
- Teletriagem: avaliação à distância dos sintomas para regulação ambulatorial ou hospitalar;
- Teleconsultoria: consultoria entre médicos, gestores e outros profissionais.
Como se preparar para o teleatendimento
Antes da consulta
O médico deve informar ao paciente as limitações inerentes ao uso da teleconsulta, devido à impossibilidade de realização de exame físico completo, podendo solicitar a presença do paciente para finalizá-la.
Segundo a resolução do CFM, é necessário que o paciente ou representante legal autorize o atendimento por telemedicina, via consentimento livre e esclarecido, que pode ser enviado por meios eletrônicos ou feito por meio da gravação da leitura do texto e da concordância.
É preciso orientar o paciente quanto aos recursos necessários ao atendimento, como: local calmo e reservado, boa conexão de internet, dispositivos de imagem e som apropriados.
Além disso, convém solicitar contato de emergência que possa ser acionado, pois é preciso estar preparado caso surja uma emergência médica ou outra emergência doméstica durante o atendimento.
É relevante considerarmos que há diferenças entre um atendimento presencial e por vídeo. Nos contatos presenciais, a linguagem corporal é um elemento importante para o estabelecimento do vínculo médico-paciente. Nos encontros virtuais, as expressões faciais são o principal elemento emocional não verbal e é preciso ser cuidadoso com elas.
A câmera deve estar posicionada de maneira que permita um bom contato visual com o paciente, bem como garantir uma boa iluminação no local.
Durante o atendimento
Sempre tranquilize o paciente informando que o ambiente oferece privacidade. Durante toda a avaliação o estado geral do paciente, o padrão de fala, padrão e frequência respiratória já podem ser avaliados.
Alguns aspectos do exame físico precisam de adaptações e é importante que o médico que se disponha a atender via telemedicina estude sobre o exame físico virtual assistido pelo paciente.
Por fim, nem todas as situações são passíveis de avaliação à distância, como por exemplo, quando os pacientes não conseguem ter uma conversa privada ou não têm capacidade de tomar decisões ou se prevê que um exame físico presencial forneça informações essenciais para a tomada de decisões clínicas (por exemplo, dor torácica ou dispneia).
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