Telemedicina: um resumo do cenário
Desde a pandemia, o Brasil passa por um crescimento dos serviços de telemedicina
A prestação de serviços de saúde realizada por profissionais de saúde através de tecnologias de informação para fins de diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças e lesões, pesquisa e avaliação é, nesses termos gerais da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que caracteriza a telemedicina.
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Embora já existisse antes de 2019, foi durante a pandemia de covid-19 que o Brasil experimentou um crescimento significativo da telemedicina, uma pesquisa de 2021 colocava o país em terceiro lugar mundial na utilização dessa modalidade, 42% da população que buscou atendimento médico o fez através da telemedicina.
A prática da telemedicina é regulamentada no Brasil pela Resolução nº 2.314 do Conselho Federal de Medicina (CFM), à época o relator da norma, Dr. Donizetti Giamberardino, afirmou que “a consulta médica presencial permanece como padrão ouro, ou seja, referência no atendimento ao paciente. Mas a pandemia mostrou que a telemedicina pode ser um importante ato complementar à assistência médica, permitindo o acesso a milhares de pacientes”.
Depois da pandemia
É fato que as circunstâncias da covid-19 forçaram a mudança de hábito dos pacientes e médicos, mas dados do final de 2022 mostram uma permanência, pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) apontam que 33% dos médicos atenderam pacientes por teleconsulta, um índice que foi acompanhado de um aumento no monitoramento remoto de pacientes, de 9% (em 2019) para 23% (em 2022), e nas ações de teleconsultoria (26% para 45%).
Facilidades
Uma das vantagens claras do uso de ferramentas de telemedicina é o ganho de tempo, tanto na rapidez do tratamento, quanto na eliminação do deslocamento. “Na minha área, além de tudo, temos que nem todos os pais conseguem liberação do trabalho para levar os filhos ao médico. Na telemedicina, conseguimos oferecer horários mais flexíveis. Além disso, a criança fica muito mais confortável pois está no seu ambiente de costume”, afirma a médica pediatra do Hospital Federal dos Servidores do Estado, Simone Godoy.
A questão dos exames físicos ainda é uma limitação no potencial da telemedicina, embora ferramentas para ultrapassar essa barreira estejam sendo desenvolvidas todo ano, como, por exemplo, o aparelho para realização de exames físicos remotamente aprovado pela Anvisa em 2023 e a popularização de ferramentas de inteligência artificial para diagnóstico.
“O que eu costumo fazer é uma triagem, avalio via telemedicina e caso ache que é indispensável passar por avaliação presencial, solicito aos pais ou ida à emergência ou ao consultório, dependendo da gravidade do caso”, complementa a Dra. Godoy.
Análises e avanços
O avanço da telemedicina criou uma demanda por ferramentas de auxílio aos médicos para realização de diagnósticos e consultas à distância, e desde a pandemia vários estudos foram realizados para verificar a efetividade da telemedicina em diferentes campos e tipos de pacientes, como na anestesiologia, no tratamento de hipertensão e até na avaliação pré-operatória.
Em um desses estudos, foram analisados os dados de prática profissional de 1.183 médicos durante a pandemia de covid-19, e para Mário César Scheffer, professor da USP e um dos autores embora os múltiplos usos da telemedicina tenham vindo para ficar é preciso que haja uma regulamentação e monitoração da modalidade.
Na conclusão do artigo publicado na revista Global Health, os autores também apontam que a modalidade tende a ser mais proeminente no sistema privado de saúde e que seriam necessários incentivos para que esse tipo de serviço tivesse mais inserção junto a população de menor renda.
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Investimentos futuros
No final de 2023, o governo federal anunciou que estabelecimentos que ofereçam serviços de telemedicina deverão registrar essa informação no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), para a secretária de Informação e Saúde Digital, Ana Estela Haddad, “Saber quais estabelecimentos oferecem serviços de telessaúde e contabilizá-los é fundamental para monitorarmos os avanços e impactos da telessaúde e da transformação digital do SUS, bem como para identificar onde estão e quais são os desafios para poder ampliá-los”.
Dentro do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) o governo prevê um investimento de R$ 150 milhões entre 2023 e 2026 em telemedicina.
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