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Carreira2 outubro 2025

Terapias digitais de saúde mental no metaverso

O metaverso avança na saúde mental, criando cenários terapêuticos imersivos com VR, AR e IA em ambiente controlado
Por Juliana Karpinski

Longe das páginas de ficção, o metaverso está entrando pela porta da frente nos consultórios médicos para contribuir de forma prática nos atendimentos, e a saúde mental é uma das áreas que têm se beneficiado com essa tecnologia. Ao combinar realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial, esse ambiente gerado pelo metaverso oferece ao paciente a chance de recriar, em um espaço controlado, cenários que, na vida real, muitas vezes seriam inviáveis.

Seja para dessensibilizar pacientes com fobias, oferecer exposições graduais em transtorno de estresse pós‑traumático (TEPT) ou ajudar na melhora da ansiedade social, a terapia imersiva já está em uso e sendo vista como uma possibilidade complementar aos métodos tradicionais. Resta saber quais são, de fato, os ganhos e também os riscos que essa abordagem pode causar.

Um estudo publicado em maio de 2025 na Scientific Reports propôs essa análise. Com uma revisão sistemática sobre terapias digitais baseadas no metaverso, os pesquisadores buscaram entender até que ponto essas propostas funcionam ou abordar condições como TEPT, ansiedade e TDAH, e quais armadilhas ainda podem estar escondidas.

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Como as terapias digitais estão sendo usadas?

Na saúde, de forma resumida, o metaverso representa um espaço digital onde pacientes e profissionais interagem em tempo real, por meio de dispositivos wearables, como óculos de realidade virtual, e sensores que captam dados biométricos. Isso cria um cenário controlado que se adapta ao ritmo e a condição de cada paciente, misturando o físico e o virtual.

O estudo ressalta que, hoje, além das plataformas de telessaúde que ampliaram o acesso aos serviços de saúde mental, já podemos ver sessões de terapia conduzidas em realidade virtual, simulações de exposição para fobias e TEPT, grupos de apoio dentro de ambientes digitais e experiências gamificadas que buscam aumentar o engajamento do paciente.

Outros recursos possíveis com o metaverso é o uso de gêmeos digitais para antecipar sinais de riscos de adoecimento mental e propor intervenções antes mesmo que os sintomas apareçam e a criação de ambientes virtuais de treinamento para profissionais de saúde mental por meio de simulações.

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Resultados promissores, mas ainda limitados

Segundo o estudo, os resultados observados até aqui são promissores, mas bastante iniciais. Muitos estudos tem mostrado melhora clínica em pacientes que passaram por essas intervenções, mas as amostras são pequenas, os períodos de acompanhamento curtos e os contextos bastante controlados. Ou seja, por enquanto, não dá para dizer que essas terapias são equivalentes ou melhores do que as abordagens tradicionais.

Além disso, cenários virtuais mal ajustados podem piorar traumas em vez de ajudar a tratá-los, especialmente se a exposição não for feita com cuidado médico. Há ainda o acesso desigual a equipamentos e internet, o que faz com que pacientes em regiões mais pobres ou afastadas tenham dificuldades para se beneficiar dessas soluções. As diferenças culturais também podem impactar os desfechos, por isso é preciso pensar em adaptações para idiomas e culturas regionais.

Outro ponto crítico é a privacidade de dados. Os aplicativos precisam seguir normas rígidas de privacidade e serem supervisionados por profissionais qualificados.

 

O que nós, médicos, devemos considerar

O metaverso abre oportunidades para novas formas de cuidado, mas não vai trazer respostas prontas. Para que essas ferramentas deem resultados confiáveis na prática clínica, precisamos nos certificar de que elas funcionam de verdade, garantir acesso a quem não tem recursos e formar profissionais que saibam aplicá-las de forma segura e ética. No fim do dia, é nossa escuta, presença, olhar clínico e compromisso com o bem-estar do paciente que vão definir como essas tecnologias farão parte do cuidado.

Autoria

Foto de Juliana Karpinski

Juliana Karpinski

<div class="x_elementToProof" data-olk-copy-source="MessageBody">Editora médica assistente de Carreira da Afya. Médica e Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). MBA em Gestão Estratégica pela UFPR.</div>

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