No dia 27 de julho, celebramos o Dia do Pediatra — uma data para reconhecer o trabalho de profissionais que se dedicam à saúde da infância e da adolescência. Segundo a Demografia Médica 2025, a Pediatria é a segunda especialidade médica mais popular no Brasil, representando por volta de 10% dos especialistas do país, com cerca de 23 profissionais para cada 100 mil habitantes.
Na linha de frente do cuidado intensivo infantil, a pediatra Renata Cruz, especialista em terapia intensiva, vê na profissão uma combinação entre desafio técnico e recompensa emocional. Sua escolha pela especialidade surgiu ainda na graduação, ao se encantar com a capacidade que bebês, crianças e adolescentes têm de recuperação. “Assim que melhoram um pouco, já voltam a brincar, com alegria de viver, algo que me marcou desde o início”, diz.
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Apesar de ter considerado também outras áreas clínicas, como Medicina de Família e Geriatria, a pediatria se firmou como vocação clara, reforçada pelo fato de acreditar em uma medicina exercida em parceria não apenas com o paciente, mas com toda a família.
“Para que qualquer tratamento funcione, é fundamental ter a parceria de todos os envolvidos. E essa presença de familiares e agregados é muito mais constante na infância do que em qualquer outra fase da vida”, afirma.
Visão clara, decisões rápidas
Dentro de um CTI, todo minuto conta e o limite entre a vida e a morte é, geralmente, tênue. “Admitimos pacientes de alto risco e damos suporte intensivo, muitas vezes com intubação e ventilação mecânica, decisões que exigem agilidade e precisão”, diz.
A recompensa para essa montanha-russa constante de emoções, no entanto, vem com a recuperação dos pacientes e a oportunidade de vê-los bem após a alta. “É incrível reencontrar essas crianças andando pelos corredores quando já se sentem bem… Muitas vezes, é mais fácil reconhecer os pais do que os próprios pacientes!”, brinca.
Lições de vida
Uma das histórias mais marcantes que já vivenciou foi a de uma paciente com leucemia, admitida ainda pequena. “Ela chegou a ficar em estado grave muitas vezes, e passou por várias internações na UTI. Hoje, está com o quadro controlado, já é uma adolescente linda. Reencontrá-la recentemente foi uma felicidade enorme”, relata, com carinho especial pela família da jovem, que sempre marcou presença ao longo de todo tratamento.
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A pediatria oferece uma perspectiva única sobre a vida — e suas perdas: “Ver um bebê nascer, crescer e superar dificuldades é algo poderoso”. No entanto, de um extremo a outro, Dra. Renata confessa que presenciar mortes na pediatria a faz valorizar ainda mais o cuidado com a vida e o caráter proativo que a medicina tem a obrigação de exercer.
“Trabalhar para evitar doenças preveníveis, como as que podem ser controladas por vacinas, faz parte da missão da pediatria”, frisa.
Desafios além
E é por isso que ela faz questão de reforçar o valor no acompanhamento ambulatorial: “No consultório e na escola, nosso foco é a promoção da saúde e o desenvolvimento infantil. É um outro ritmo, diferente de um CTI, mas igualmente importante dentro da área”.
Ao refletir sobre a profissão neste Dia do Pediatra, Dra. Renata não poupa elogios à área de coração: “Acho que os profissionais que escolhem lidar com crianças, a meu ver, são mais cuidadosos e mais carinhosos com os pacientes e suas famílias. É um traço marcante da pediatria, o que faz grande diferença no cuidar”.
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