Experiência da Medicina nos EUA
Quem nunca teve o sonho de morar fora? De saber como seria a experiência de viver o dia a dia em um outro país? Por motivos pessoais, pela aventura de desbravar outras culturas e alcançar novos desafios e novas experiências, não importa o motivo, muitos buscam para si essa nova vida.
Essa é uma grande realidade na imaginação de muitos brasileiros, bem como dos profissionais da área de saúde. Muitos médicos atualmente vêm pesquisando e tentando planejar essa mudança e descobrir como seria exercer a sua profissão em outro lugar, como, por exemplo, os Estados Unidos, país de grandes referências acadêmicas e de pesquisa.
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O mercado de saúde
Segundo o American Immigration Council, cerca que 15,6% da força de trabalho no setor de saúde nos EUA é realizada por imigrantes, sendo uma parte vinda do Brasil. E, segundo estatísticas governamentais, como a Health Resources and Services Administration (HRSA), os EUA precisam de mais de 16 mil trabalhadores de saúde para o setor primário, entre médicos e enfermeiros, sendo que até 2033, segundo dados da American Hospital Administration, o país necessitará contratar pelo menos mais 124 mil médicos para suprir a demanda.
Como saber se essa realmente seria uma boa escolha para a sua realidade? Tomar a decisão de morar fora não é apenas colocar suas roupas em uma mala e comprar uma passagem, é uma decisão que requer muito planejamento, estudo, apoio e um certo grau de estabilidade emocional.
Cada pessoa tem uma realidade de vida, e mudar de país para exercer a medicina irá depender principalmente do momento da vida profissional, pois há uma grande diferença entre aqueles que acabaram a faculdade no Brasil e desejam fazer a residência médica nos EUA, daqueles profissionais que decidem mudar no meio da sua carreira com alguns ou muitos anos de experiência.
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Certificações
Independente da sua fase profissional, o médico brasileiro para atuar nos EUA é obrigado a prestar todos os exames para revalidar o seu diploma no país, o chamado USMLE (The United States Medical Licensing Examination) e fazer a residência médica, sendo que o curso e a faculdade serão escolhidos de acordo com a nota obtida nos exames e análise de currículo enviado. Ou seja, mesmo o médico com residência médica, pós-graduação e anos de experiência precisará novamente fazer a residência médica na especialidade escolhida.
E fazer uma residência novamente, mesmo que seja dentro da sua especialidade, já é um grande desafio, uma vez que a carga horária é bastante intensa e os honorários não são tão convidativos, especialmente se você já tem uma família. Importante lembrar também que nem todas as faculdades brasileiras são aceitas pelo USMLE, portanto, vale conferir a lista de faculdades credenciadas para revalidação.
Nos EUA, a medicina é considerada um curso de pós-graduação, portanto para aplicar para uma faculdade de medicina no país, é necessário que o candidato tenha cursado 4 anos de outro curso de graduação, preferencialmente relacionado a área de saúde, o chamado Pre-Med Program. Todos os médicos recém-formados precisam realizar uma residência médica para atuar no mercado, o que difere do Brasil, uma vez que após terminado a faculdade de medicina, o médico brasileiro já pode começar a trabalhar.
Nos EUA, mesmo em plantões de pronto-socorro, o médico precisa ser especialista na área. O profissional médico estrangeiro que optar por não realizar os exames para revalidação de diploma pode trabalhar em outras funções, como assistente médico, funções técnicas, em centros de pesquisa ou ter a sorte de ser patrocinado por alguma equipe em especial, ou em alguns casos, se voltar para o ramo empresarial e montar uma empresa.
Visto
Outro detalhe importante é a obrigatoriedade da obtenção de um visto para que o profissional possa permanecer em solo americano. Atualmente, devido à grande demanda por profissionais da área de saúde, alguns estados estão tendenciando a mudar as suas condutas em relação aos profissionais médicos estrangeiros, como, por exemplo, o estado de Tennessee, que aprovou uma nova lei em 2023 facilitando o trabalho de médicos vindos de outros países.
Segundo essa nova lei local, médicos especialistas que comprovem pelo menos 5 anos de experiência de trabalho na sua especialidade podem receber uma licença provisória e serem qualificados para trabalhar no estado sem precisar refazer a sua residência médica.
Por isso, a melhor dica para quem quer embarcar nessa experiência é o planejamento, como o financeiro, onde se faz necessário ter uma boa reserva que consiga manter você e sua família por um bom período, bem como planejar o local de moradia, pois alguns estados não têm um clima tão acolhedor para os brasileiros e o frio do inverno para alguns pode ser um fator determinante.
Lembrando sempre que às vezes essa opção não vai estar disponível para você, uma vez que seu desempenho nas provas é que irá determinar o seu destino, portanto ter maleabilidade social também é importante
Benefícios
Exercer a medicina nos EUA tem muitas vantagens como, por exemplo, a excelente qualidade de vida, principalmente pelo custo de vida favorável. O convívio com uma tecnologia de ponta e com uma equipe multidisciplinar, bem treinada, que torna o ambiente de trabalho mais fácil, seguro e menos insalubre.
Além disso, o médico nos EUA é bastante valorizado, os custos e anos de estudo são valorizados pelo Estado, com uma remuneração ao longo dos anos bem satisfatória. A média salarial de um médico nos EUA gira em torno de U$ 200.000 por ano, sendo que currículos com pesquisas e pós-graduação, podem fazer o profissional alcançar salários muito mais favoráveis.
Enfim, enfrentar a jornada de uma mudança de vida para outro país exige muita determinação, força de vontade e paciência. E mesmo que você não tenha sucesso na primeira tentativa, se isso for o seu sonho, não desista, tente novamente. Começar a mudança com planejamento e sem romantização é um grande passo para o sucesso da sua carreira médica nos EUA.
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