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Carreira17 junho 2024

Experiência da Medicina na Espanha

A Espanha está na 7ª posição no ranking da WHO e o segundo sistema de saúde melhor classificado na Europa quanto ao grau de satisfação dos pacientes

A Espanha está na 7ª posição no ranking da WHO e o segundo sistema de saúde melhor classificado na Europa quanto ao grau de satisfação dos pacientes com a qualidade dos cuidados de saúde. 

 O Serviço Nacional de Saúde espanhol compreende um sistema de cobertura universal, com reconhecimento do direito à saúde por parte de todos os cidadãos, sendo financiado pelo Orçamento de Estado. O governo controla todo o sistema, tanto o setor público como o privado.  

 Leia mais: Experiência da Medicina no Canadá

Ortopedia 

Tratando-se de cirurgia da mão e principalmente falando de artroscopia de punho atualmente, a Espanha é considerada o maior expoente e com o maior número de cirurgiões notáveis na prática da especialidade.

A contribuição é imensa com publicações de artigos científicos em profusão, livros de técnicas cirúrgicas artroscópicas e cursos com prática em cadáver quase que mensais espalhados pelo país. 

 Já formado como cirurgião de mão no Brasil, tive a oportunidade de realizar com apoio da “International Bone Research Association – IBRA” (organização responsável por promover o intercâmbio entre ortopedistas de diferentes continentes por meio de bolsas), fellowship em cirurgia de mão em Barcelona no Centro Médico Teknon, em um serviço privado que conta com 5 cirurgiões de mão referências em artroscopia de punho e cirurgia de nervo periférico principalmente. 

 

Estrutura médica e tecnológica na Ortopedia 

Em relação à estrutura e funcionamento do centro cirúrgico, os hospitais prezam pela menor perda de tempo dos cirurgiões com a espera de sala. Ao final de cada cirurgia, são acionados profissionais denominados “sanitários”, responsáveis por realizar a retirada do manguito pneumático, desmontar mesa de mão e retirar de sala o paciente, sempre de maneira ágil e ao final acionando a limpeza de sala.  

 Já no período final da cirurgia, caso o andamento seja sem complicações, o anestesista geralmente delega a função de monitorização do paciente a uma enfermeira auxiliar de anestesia, enquanto realiza o bloqueio anestésico do paciente seguinte fora de sala.

Assim, o tempo de espera entre a incisão de uma cirurgia e outra é bem abreviado quando comparado à maioria dos nossos hospitais no Brasil. 

 Os circulantes são todos treinados para exercerem a função de técnicos de raio-x e são os responsáveis pela fluoroscopia, caso haja necessidade durante o procedimento. As instrumentadoras são profissionais com nível superior que cursaram a carreira de enfermagem com especialização em instrumentação.  

Há uma grande facilidade para montagem das torres de artroscopia estéreis em qualquer procedimento, sem a burocracia para a utilização do material como vemos muitas vezes no Brasil e talvez isso seja um dos principais fatores para o avanço dos cirurgiões de lá nas técnicas artroscópicas. 

 

Atuação do médico ortopedista 

Quanto à atuação do médico ortopedista, é extremamente difícil, principalmente para os que estão iniciando com especialista, trabalharem somente com a sua subespecialidade. A grande maioria acaba tendo que trabalhar por muitos anos como ortopedista generalista até conseguir uma oportunidade que permita apenas atender a subespecialidade. No Brasil, pelo menos em um grande centro, a entrada no mercado da subespecialidade parece ser mais fácil. 

 As universidades espanholas têm uma série de convênios com países de latinos de língua espanhola e disponibilizam programas de “Master” para jovens cirurgiões ortopedistas que, diferentemente do nosso país, não possuem a possibilidade de especializarem-se em cirurgiões de mão em casa.

São muitos colegas peruanos, colombianos, venezuelanos que passam a acompanhar cirurgiões sênior e participar dos serviços privados. No final de 1 ano, recebem um diploma de especialista chancelado pela Universidade e a grande maioria retorna aos seus países de origem. 

Os cirurgiões mais experientes, semelhante ao que vemos no Brasil, acabam se queixando bastante da remuneração imposta pelos planos de saúde, chamadas “mutuas laborales”.

Em termos de valores são remunerações semelhantes às que vemos aqui para os procedimentos cirúrgicos. Os hospitais públicos têm um bom nível de qualidade e são capazes de suprir as demandas da população.  

 

Moradia em Barcelona e impressão pessoal do autor 

Barcelona é uma cidade fascinante, de belezas naturais e centro de encontro de diversas culturas com atividades ilimitadas de lazer e gastronômicas. Apesar da população local se queixar do aumento de insegurança nos últimos anos, não é nada comparado a uma capital brasileira como o Rio de Janeiro.

Falar o idioma espanhol é, na minha opinião, não essencial, pois todos estão acostumados aos turistas. Entretanto, saber o espanhol é ideal para um bom nível de conversação. Importante lembrar que em muitos momentos o idioma espanhol dá lugar ao catalão nas conversas, principalmente em consultas médicas,  o que torna o entendimento ainda mais complicado. 

O ganho acadêmico, profissional e pessoal é enorme depois de uma experiência de viver a medicina fora do nosso país. O trato interpessoal, falando especificamente de Barcelona, tende a ser ótimo com outros colegas fellows latinos e com os cirurgiões da equipe, que em sua maioria tiveram experiências profissionais semelhantes como estrangeiros quando mais jovens e se esforçam para manter os visitantes à vontade. 

 Leia a série completa: Série Carreira Médica no Exterior: por onde começar?

 

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Referências bibliográficas

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