Crises epidemiológicas: como o médico deve se preparar?
A história da humanidade vem sendo marcada por grandes epidemias e pandemias, que afetaram diferentes sociedades em vários períodos. Médicos e profissionais de saúde em geral desempenham papeis fundamentais na linha de frente da resposta a esses eventos.
Conversamos com a Dra. Isabel Melo, infectologista e editora-médica do Portal Afya, para saber quais as medidas necessárias para que um médico esteja a postos a fim de lidar com os momentos de crise sanitária e salvar vidas, agindo de forma rápida e eficaz.
Para além das orientações sobre boa conduta, também é possível contar com uma ferramenta de previsão de cenários, totalmente baseada em Inteligência Artificial (e gratuita), que ajudará a prever os cenários e auxiliar o médico em sua preparação.
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Atualização constante
“Buscar estar atualizado sobre doenças potencialmente epidêmicas é uma das principais formas de se preparar para lidar com uma epidemia”, diz a infectologista. Para isso, é preciso acompanhar notícias e informações sobre surtos epidemiológicos de fontes confiáveis, como autoridades de saúde pública, organizações internacionais de saúde e instituições médicas renomadas.
“Conhecer as particularidades do seu local de atuação e doenças endêmicas com potencial epidêmico permite se antecipar e se preparar de forma mais eficaz. Estar atento a alertas nacionais e internacionais também pode permitir ao mesmo tipo de antecipação e preparação”, completa Isabel, frisando a importância da participação em treinamentos e workshops sobre surtos epidemiológicos para aprimorar seus conhecimentos e habilidades na identificação, diagnóstico e manejo de casos.
Estar familiarizado com protocolos e diretrizes específicos para o manejo de diferentes tipos de surtos, como de doenças respiratórias, doenças transmitidas por vetores e doenças transmitidas por alimentos também é essencial. “É preciso conhecer se existem medidas profiláticas pré ou pós exposição, compreender o uso de vacinas, imunoglobulinas ou medicamentos”, afirma a médica.
Habilidades clínicas
Estar atualizado inclui revisitar suas próprias habilidades enquanto profissional. Por isso, o médico deve priorizar seus conhecimentos sobre as características clínicas, epidemiologia e métodos de diagnóstico de doenças com potencial para causar surtos.
“Saber fazer uma boa anamnese e exame físico e pesquisar história epidemiológica é uma das habilidades que o médico deve desenvolver para estar preparado para atuar em uma epidemia”, comenta Dra. Isabel.
Além dos sinais e sintomas, métodos diagnósticos e tratamento da causa da epidemia, é importante saber os principais diagnósticos diferenciais, tanto de condições infecciosas quanto não infecciosas.
“Durante a covid-19, prestamos atenção em fatores como idade, presença de comorbidade, sintomas respiratórios e saturação. Nos casos de dengue, pesquisamos a presença de sinais de aumento de permeabilidade capilar e a iminência de evolução para dengue grave e síndrome do choque do dengue. Nos de febre amarela, sinais e sintomas de insuficiência hepática. E nos surtos de leptospirose, atenção a sangramentos e detecção precoce de piora de função renal, que pode precisar de hidratação vigorosa ou hemodiálise”, alerta.
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Comunicação
Diante de uma crise epidemiológica, a comunicação com a população é fundamental. Nesse contexto, a adequação da linguagem ganha um papel importante na abordagem a pacientes e familiares.
“Além de transmitir informações corretas, os médicos precisam se preocupar em fazer com que essas informações sejam entendidas. Para isso, muitas vezes é preciso mudar a forma de falar, evitando-se termos médicos ou linguagem muito técnica, por exemplo”, diz.
Para Dra. Isabel, saber ouvir e acolher é outra habilidade essencial em momento de crise: “Às vezes, será necessário desmitificar algum aspecto da doença ou corrigir informações inadequadas, e ainda entender o contexto de vida e adaptar as medidas necessárias para proteção da melhor forma possível. Em todas as situações, contudo, uma escuta ativa, empática e sem julgamentos deve ser praticada”.
Em comunidade
Já dentro da própria comunidade médica, profissionais de saúde devem procurar discutir as evidências científicas disponíveis, diretrizes consolidadas e experiências em epidemias anteriores, além de procurarem os canais oficiais das autoridades de saúde. Dependendo da organização de cada região, podem ser criados canais específicos em momentos de crise epidemiológica, que podem ser utilizados para notificação de casos e orientação.
Principalmente quando se trata de um surto epidemiológico, todos os profissionais de saúde são de extrema importância no atendimento à população. Por isso, trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde, trocando informações e experiências, é essencial para coordenar a resposta a surtos epidemiológicos na sua comunidade.
Prevenção
É papel do médico também atuar como um agente de prevenção a doenças. Por isso, manter seus pacientes orientados sobre medidas de prevenção individual e coletiva para reduzir o risco de contrair e transmitir doenças transmissíveis, incluindo a importância da higiene das mãos e do distanciamento social quando necessário também são medidas que devem ser tomadas.
O incentivo à vacinação contra doenças com potencial para causar surtos, e a promoção de hábitos de vida saudáveis, como uma alimentação balanceada, atividade física regular e sono adequado, a fim de fortalecer o sistema imunológico e reduzir a suscetibilidade a doenças, faz igualmente parte de um protocolo bem elaborado de prevenção e cuidados.
Acesso a informações relevantes
A preparação para surtos epidemiológicos é um processo contínuo que exige atualização constante de conhecimentos, aprimoramento de habilidades e colaboração eficaz com a equipe de saúde e a comunidade.
Para facilitar o acesso a informações relevantes, os médicos podem contar com o Radar Whitebook, a primeira solução de Inteligência Artificial, 100% gratuita, do Afya Whitebook. A funcionalidade dá acesso a um detector epidemiológico e de anomalias que auxilia o profissional médico a saber da ocorrência ou probabilidade de aumento de casos, doenças sazonais ou eventuais surtos na sua região.
Assim, os médicos podem se preparar com antecedência para tais eventos, acessando e consumindo conteúdos referentes a eles, e baseando-se em informações atualizadas para diagnósticos e tomada de decisão mais precisa.
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