Conselhos práticos para melhorar a adesão do paciente ao tratamento
Garantir a aderência do tratamento pelo paciente é um desafio que todos passamos diariamente. Muitos deles não têm a aderência desejada, principalmente quando se trata de doenças crônicas. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), menos de 60% dos pacientes com diabetes seguem o tratamento conforme prescrito, e este número cai para 40% quando se trata de pacientes hipertensos.
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E como podemos melhorar este panorama?
Hoje temos uma relação médico-paciente bastante diferente de antigamente. Antes, o médico era detentor do conhecimento e o paciente apenas recebia as informações, sem muitos questionamentos. No mundo atual, com a internet e o grande volume de informações que temos acesso, muitos pacientes chegam à consulta com algum conhecimento prévio (certo ou errado) e já com algumas ideias pré-concebidas sobre o tratamento.
Cabe a nós, com todo o conhecimento técnico embasado em boas evidências científicas, deixar o canal aberto ao paciente para que ele se sinta à vontade para tirar todas as suas dúvidas. Seja humano, empático, sem se colocar numa posição de superioridade, e explique o porquê de determinado tratamento e sua real importância. Certifique-se de que ele entendeu o que foi exposto.
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Questão socioeconômica
Muitos pacientes não têm condição financeira de comprar alguns medicamentos, e ficam com vergonha de contar isso ao médico. Outros têm dificuldade/não sabem ler, o que torna mais difícil ainda o entendimento e seguimento da receita. Logo, é importante entender o perfil de paciente que está tratando e tentar se adequar, além de manter uma boa relação médico-paciente na qual o paciente se sinta confortável de contar as suas dificuldades.
Rever sempre toda a lista de medicamentos, perguntar ativamente se ele está conseguindo comprar e tomar tudo o que foi prescrito. Lembre-se de se adaptar à cada cenário de atendimento. Algumas maneiras para facilitar o acesso:
- Trocar medicamentos de marca por genéricos;
- Usar medicamentos da farmácia popular;
- Indicar descontos de laboratório;
- Indicar a lupa para ajudar na visão;
- Usar adesivos/ desenhos separando o que é para ser tomado de dia ou de noite.
Polifarmácia
A polifarmácia é outro obstáculo que acaba prejudicando a adesão, pois são muitos medicamentos e horários diferentes.
Tente sempre otimizar a prescrição, desprescrever o que for possível, e adaptar os horários à rotina do paciente. Explique como deve ser a tomado medicamento a cada medicação, se necessita de jejum ou se tem que se alimentar antes, por exemplo.
Mostre meios que possam facilitar a organização da rotina, como alarmes no celular, caixa organizadora de medicação, etc.
Se o paciente não for o responsável pela medicação (com alguma síndrome demencial, por exemplo), certifique-se de que o responsável/cuidador tenha entendido a importância dos medicamentos e dos seus horários.
Lembre-se de que o paciente é o protagonista do seu tratamento. E a boa relação médico-paciente é a base para tentarmos atingir uma boa adesão ao tratamento proposto.
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