Como se atualizar com as novas tecnologias e incorporá-las à prática da profissão
A busca constante por conhecimento e inovação está presente em qualquer profissão, no entanto, quando o intuito é salvar vidas, essa necessidade se torna ainda mais urgente.
Segundo o dicionário, empreender é “decidir realizar uma travessia perigosa”. Para os médicos, essa travessia pode significar sair da zona de conforto da rotina hospitalar e adentrar o mundo dos negócios, pois, apesar dos riscos, a jornada empreendedora tem lá suas recompensas. Oferecer soluções mais personalizadas e acessíveis aos pacientes é uma delas – talvez a principal.
Por isso, cada vez mais médicos vêm trocando jalecos brancos por trajes de CEO, fundando startups de saúde, criando aplicativos e plataformas digitais, e até mesmo abrindo suas próprias clínicas.
Conversamos com o Dr. Romeu Domingues, que participou do painel “Caminhos da medicina: o empreendedorismo médico em debate” durante o Afya Summit 2024, sobre a importância da mentalidade empreendedora dentro da medicina.
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Capacitação e atualização constante
Segundo Dr. Domingues, a atualização contínua de todo profissional começa com a busca ativa por conhecimento. “Participar de eventos científicos, workshops e cursos de especialização é fundamental”, afirmou o médico, que é também conselheiro da rede DASA e da ANAHP, Associação Nacional de Hospitais Privados.
Ler artigos sobre as descobertas científicas mais recentes, manter uma boa rede de contatos – com as quais possa trocar experiências e informações – e incorporar ao dia a dia soluções propostas pelas healthtechs, foram outras medidas importante ressaltadas pelo experiente do médico.
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Adaptabilidade
Um medo comum que o avanço tecnológico recente vem destravando em diversas áreas é de que profissionais serão, em breve, substituídos por robôs. Para Dr. Romeu, a lógica é justamente a contrária: sai na frente o médico que não teme a chegada da inteligência artificial, e, sim, a usa como aliada.
“O impacto positivo da IA na prática da Medicina é incontestável, tanto para os médicos quanto para pacientes. Imagine perder um diagnóstico de câncer de mama porque eventualmente naquele dia o médico já atingiu a exaustão? Terrível”, avalia, usando como exemplo a tecnologia PureView, que vem beneficiando principalmente áreas que fazem uso extensivo de imagens para diagnóstico, como radiologia, ortopedia e oncologia.
Benefícios
Além de diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados, a automação de tarefas administrativas e a capacidade de analisar grandes volumes de dados são alguns dos benefícios do uso de inteligência artificial na medicina. “Ao desburocratizar o atendimento, sobra tempo ao médico para dar ao paciente aquilo que ele realmente merece: atenção e carinho”, concorda Dr. Domingues.
Hoje, as principais causas de morte em nível global são as doenças cardiovasculares, potencializadas por condições como diabetes e obesidade. Para o médico, os smartwatches, assim como outros dispositivos vestíveis de monitorização, chegam de vez para colaborar na tomada de decisões clínicas, o que melhora a eficácia dos tratamentos e a segurança dos pacientes.
“Dispositivos como esses ajudam a democratizar o acesso a cuidados médicos”, completa.
Regulamentação: atraso ou critério?
Ainda que, na visão de muitos empreendedores, as barreiras regulatórias sejam as mais difíceis de transpor quando o desejo é iniciar um novo negócio, para o Dr. Romeu, na Medicina elas são necessárias.
“Toda implementação de uma nova tecnologia precisa ser regulamentada. Isso garante que os padrões de segurança e eficácia sejam rigorosamente cumpridos, protegendo tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde”, afirma o Dr. Romeu.
Ele argumenta que, embora as regulamentações possam parecer um obstáculo, elas desempenham um papel crucial ao evitar a adoção de práticas que não tenham sido suficientemente testadas ou comprovadas, de erros e até de fraudes.
Voz da experiência
Muito embora seja um entusiasta e propagador da importância de Medicina, tecnologia e mentalidade empreendedora caminharem de mãos dadas, Dr. Romeu faz suas ressalvas.
“Sempre gostei de empreender, de viajar para fora e ver o que havia de novo em países como Estados Unidos, China, Índia”, diz. “No entanto, antes de empreender, o médico deve ter, primeiro, uma formação sólida em Medicina, saber escolher bons sócios, ser resiliente e compreender que investimentos na área da saúde são de retorno a longo prazo e frequentar ambientes inspiradores”, finaliza.
Afya Summit
Se tem interesse em conhecer mais sobre temas de empreendedorismo, inovação e tecnologia, não perca a chance de participar do evento dedicado ao mundo médico. Inscreva-se para o Afya Summit.
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