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Cardiologia15 julho 2024

Evidências científicas reforçam ligação entre doenças bucais e cardíacas

Novo estudo publicado pela Socesp revela migração de bactérias da boca para o sistema cardiovascular, aumentando o risco de doenças ateroscleróticas.

Visitas regulares ao dentista ajudam a proteger a saúde cardiovascular, pois há uma ligação comprovada entre doenças bucais e doenças cardíacas. Estima-se que 45% das doenças cardíacas e 36% das mortes relacionadas a elas começam na boca.

Um novo estudo publicado na mais recente edição da Revista Científica da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) reitera a existência da relação, que vem sendo estudada há quase um século ao redor do mundo.

Com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, a meta-análise revelou que infecções bucais como cáries e periodontite podem causar inflamações que contribuem para doenças ateroscleróticas e a migração de bactérias da boca para o sistema cardiovascular, aumentando o risco de eventos cardíacos.

Veja também: SOCESP 2024: Quais assuntos mais se destacaram?

doenças cardíacas

Histórico

Um dos ensaios analisados pela equipe comparou a saúde bucal de um grupo de pessoas internadas por infarto e outro de cardiopatas, ambos com indivíduos de mesma idade e gênero. Contatou-se que hospitalizados tinham as piores condições de higiene nesse quesito.

Em outro ensaio, pesquisadores puderam concluir que a frequência da periodontite é 2,5 vezes maior entre pessoas com doença arterial coronariana do que em pessoas com artérias normais.

Realizada de 2009 a 2019, uma das pesquisas revelou ainda que micro-organismos da cavidade bucal estavam presentes em 36,4% dos casos de endocardite infecciosa.

Ponto de atenção

O estudo publicado frisa ainda que conscientização sobre a qualidade da higiene bucal não deve ficar a cargo apenas da população. Profissionais da saúde, principalmente cardiologistas, enfermeiros e odontologista, devem compreender a seriedade dessa interrelação e orientar os pacientes da melhor maneira possível.

Por isso, é importante que sintomas como gengiva com coloração mais escura, inchaço ou sangramentos recorrentes, mau hálito persistente, aumento de sensibilidade e retração gengival sejam observados durante as consultas de rotina.

Saiba mais: Como prevenir a endocardite infecciosa?

No Brasil

Realizada entre 2020 e 2023, sob coordenação do Ministério da Saúde e com a participação das secretarias estaduais e municipais de saúde, entidades da odontologia, universidades e institutos de pesquisa, a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal tem como objetivo avaliar a realidade dentária dos brasileiros.

Os dados da SB Brasil mostram que o chamado CPO-D, índice que mede a proporção de pessoas com dentes cariados, perdidos ou obturados, caiu entre adultos e idosos desde 2010. Ainda assim, 45% dos idosos (65 a 74 anos) ainda requerem algum tipo de tratamento bucal de urgência, devido à dor ou infecção dentária, enquanto metade das pessoas entre 35 e 44 anos apresentam cáries não tratadas.

Leia também: Como as novas tecnologias nos ajudam na cardiologia?

Investimento

No começo de julho, a pasta anunciou a ampliação do acesso aos serviços de saúde bucal para estudantes da rede pública de ensino, destinando um adicional de R$ 187,8 milhões para os municípios brasileiros. Essa medida beneficiará cerca de 27 milhões de crianças e adolescentes.

Os recursos serão direcionados a todas as escolas da rede pública básica de ensino, sejam elas municipais, estaduais ou federais, atendendo os alunos da educação infantil e do ensino fundamental que disponham de equipes de Saúde Bucal na Atenção Primária. Atualmente, há mais de 31,2 mil dessas equipes em atividade no país.

Somente em 2024, já foram investidos R$ 4,3 bilhões em promoção da saúde bucal, o que representa um crescimento de 126% em relação a 2023.

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Referências bibliográficas

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