Alimentos de origem vegetal e redução do risco de doenças cardiovasculares
Em um estudo recente publicado na The Lancet Regional Health-Europe, os pesquisadores exploraram o papel dos alimentos ultraprocessados na associação entre a ingestão de alimentos de origem vegetal e seu efeito nos desfechos de doenças cardiovasculares.
Antecedentes
Dietas baseadas em vegetais, que excluem laticínios, ovos, carne e peixe, estão associadas a menor incidência de doenças crônicas. No entanto, essas dietas podem conter alimentos ultraprocessados (AUP), que aumentam o risco de doenças cardiometabólicas, problemas de saúde mental e morte.
Os mecanismos precisos pelos quais os alimentos afetam a saúde são desconhecidos, mas podem incluir seu conteúdo nutricional desigual, formas físicas únicas e composições químicas.
O estudo
Os pesquisadores investigaram o risco de doenças cardiovasculares (DCV) em indivíduos britânicos, focando na ingestão dietética de alimentos de origem vegetal ou animal, classificados como ultraprocessados (AUP) ou não ultraprocessados (não AUP).
Foram analisados especificamente os efeitos da ingestão de AUP e alimentos integrais de origem vegetal no risco de morte por DCV, além da contribuição dietética de carnes não vermelhas e vermelhas, diferenciadas pelo grau de processamento.
A equipe analisou dados fornecidos por participantes do UK Biobank, entre 40 a 69 anos, que cumpriram duas ou mais prescrições dietéticas de 24 horas entre 2009 e 2012 com dados vinculados a registros de hospitalização e mortalidade.
Os alimentos foram divididos em vegetais (vegetais, frutas, pães, grãos) e animais (aves, peixes, carne vermelha, ovos, laticínios), expressos como uma proporção da ingestão total de calorias.
As ingestões dietéticas foram avaliadas através de questionários online validados e autoadministrados. As variáveis do estudo incluíram idade, sexo biológico, etnia, Índice de Múltiplas Privações (IMD), região, atividade física, índice de massa corporal (IMC), histórico familiar e status de tabagismo.
Resultados: alimentos x doenças cardiovasculares
O estudo analisou 118.397 indivíduos com média de idade de 56 anos, sendo 57% mulheres. Aqueles que consumiam mais alimentos não ultraprocessados de origem vegetal eram mais velhos, não brancos, mais ativos fisicamente, ex-fumantes do sexo feminino, com menor IMC e viviam em áreas menos desfavorecidas. Já os consumidores de alimentos ultraprocessados de origem vegetal tinham características opostas.
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Os alimentos vegetais constituíam 70% da dieta, sendo 39% AUP e 31% não AUP. O restante da dieta incluía 21% de não AUP de origem animal e 9% de AUP de origem animal. Ao longo do estudo, ocorreram 7.806 eventos de DCV e 529 mortes, incluindo 6.006 casos de doença cardíaca coronária e 2.112 eventos cerebrovasculares.
Um aumento de 10% na ingestão de alimentos integrais de origem vegetal reduziu o risco de doenças cardiovasculares em 7% e a mortalidade relacionada a elas em 13%. Por outro lado, um aumento de 10% na ingestão de ultraprocessados de origem vegetal elevou o risco das doenças em 5% e a mortalidade em 12%.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.
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