Eficácia e segurança da ivabradina para insuficiência cardíaca aguda
A ivabradina reduz a frequência cardíaca (FC) por meio da inibição específica do canal If no nó sinusal. O uso dessa medicação já está bem estabelecido como parte do tratamento da insuficiência cardíaca crônica.
No entanto, o uso precoce da ivabradina para tratar insuficiência cardíaca aguda não está em diretriz, já que existem poucos ensaios clínicos sobre o uso da ivabradina nesse contexto específico.
Hoje vamos resumir uma metanálise que avaliou a segurança e a eficácia na ivabradina na IC aguda. Esta metanálise incluiu 656 pacientes com insuficiência cardíaca aguda, randomizados para os grupos de ivabradina ou controle com base em dados coletados de 10 ensaios clínicos randomizados.
Resultados
Em comparação com o grupo controle, o tratamento com ivabradina reduziu significativamente a frequência cardíaca e os níveis de BNP e NT-proBNP. Os valores de fração de ejeção aumentaram após o tratamento com ivabradina.
Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos nos desfechos de teste de caminhada 6 minutos, mortalidade por todas as causas, mortalidade cardíaca, readmissão hospitalar, bradicardia e fibrilação atrial.
ACC: nova diretriz para insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida
Estudos anteriores com ivabradina
Em 2016, o estudo Early Therapy with Ivabradine in Patients with Congestive Acute Heart Failure (ETHIC-AHF) mostrou que a frequência cardíaca dos pacientes tratados com ivabradina foi significativamente reduzida dentro de 28 dias, e quatro meses após a alta, a fração de ejeção e os níveis de BNP melhoraram, enquanto a mortalidade por todas as causas, as taxas de readmissão e as reações adversas graves não apresentaram diferenças em relação ao grupo controle.
Um estudo realizado por Khaled et al. em 2019, no entanto, mostrou não houve diferença entre placebo e grupo ivabradina em relação à frequência cardíaca, melhora de capacidade funcional e caminhada de 6 minutos.
Limitações
A metanálise foi restrita devido ao tamanho limitado das amostras e ao número limitado de ensaios clínicos incluídos. Além disso, poucos estudos relataram desfechos a longo prazo.
Conclusão
O tratamento com ivabradina pode reduzir significativamente a frequência cardíaca, os níveis de BNP e NT-proBNP, além de elevar fração de ejeção e a distância percorrida em 6 minutos em pacientes com insuficiência cardíaca aguda. Possui um perfil de segurança estável, mas, pelas evidências disponíveis até agora, não altera mortalidade por todas as causas ou mortalidade por causa cardíaca nos pacientes com IC aguda.
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