Pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM) tem risco aumentado de insuficiência cardíaca (IC). Os inibidores do cotransportador da sódio-glicose 2 (iSGLT2), como empagliflozina e dapagliflozina, reduzem mortalidade cardiovascular e internações por IC em pacientes diabéticos e não diabéticos com IC.
Estudos mostraram que o uso de iSGLT2 após um IAM melhora a função e a atividade simpática cardíaca, porém o EMPACT-MI, com mais de 6.000 pacientes não mostrou redução de desfechos cardiovasculares nos pacientes com IAM tratados com empagliflozina.
Recentemente foi publicada uma revisão sistemática e metanálise para avaliar a eficácia dos iSGLT2 em pacientes com IAM.
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Imagem de kjpargeter/freepikMétodos do estudo e população envolvida
Foram incluídos apenas estudos clínicos randomizados e controlados com seguimento de pelo menos 12 semanas. Os pacientes eram adultos que foram randomizados para placebo ou iSGLT2 após IAM e os desfechos avaliados foram mortalidade por todas as causas, mortalidade cardiovascular, internações por IC e por todas as causas. O objetivo foi avaliar a eficácia e segurança da medicação no contexto do IAM.
Resultados
Foram incluídos cinco estudos publicados entre 2020 e 2024, com 11.211 participantes, sendo 5.612 no grupo iSGLT2 e 5.599 no grupo placebo. A idade média dos participantes era 61,83 anos e o seguimento médio de 43,8 semanas. Três dos estudos usaram empagliflozina e dois dapagliflozina e a medicação foi iniciada 3 a 14 dias após o IAM. Em relação ao risco de viés, quatro estudos tiveram baixo risco.
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A análise geral não mostrou diferença entre os grupos na redução de mortalidade por todas as causas, mortalidade cardiovascular e internações por todas as causas, com alto grau de certeza e baixa heterogeneidade entre os estudos. Porém, houve menor ocorrência de internações por IC em pacientes tratados com iSGLT2 comparado ao placebo (RR 0,76; IC95% 0,61-0,88; p=0,001), com alto grau de certeza.
Comentários e conclusão
Esta é a primeira metanálise que avaliou iSGLT2 no contexto de IAM. Os resultados mostraram benefício da medicação na redução de internações por IC, porém não houve redução de mortalidade por todas as causas, por causa cardiovascular e internações por todas as causas.
O mecanismo exato para redução de internações por IC não está bem estabelecido, porém esta medicação já mostrou melhorar parâmetros anatômicos e funcionais do ecocardiograma, provavelmente por efeitos anti-inflamatórios, antioxidativos e antifibróticos.
Considerações finais
Esses resultados devem ser interpretados com cautela, já que os pacientes não foram avaliados individualmente, mas como um grupo, e os resultados dessa metanálise foram guiados predominantemente por dois estudos maiores, o DAPA-MI e o EMPACT-MI.
Assim, a medicação parece ser eficaz em reduzir internações por IC, porém estudos maiores são necessários para confirmar esses resultados e avaliar seu efeito em um seguimento mais longo dos pacientes.
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