A prevalência de pacientes que são hipertensas e estão engravidando está em crescimento, por conta do aumento da idade materna na gestação e de fatores de risco, como obesidade e nutrição. Este grupo está sujeito a complicações maternas, como pré-eclâmpsia superposta, e fetais, como mortalidade e retardo no crescimento. No congresso do American College of Cardiology (ACC 2022) foi apresentado o CHAP project, que buscou avaliar a ocorrência de complicações maternas e fetais em pacientes hipertensivas após tratamento ambulatorial.
Os resultados foram publicados simultaneamente no periódico New England Journal of Medicine.
Gravidez em pacientes hipertensivas leves
O estudo atual focou no grupo com HAS “leve” (PAS 140-159 e PAD 90-109 mmHg), que é mais comum, pois havia poucos estudos neste grupo. Incluiu gestação de feto único e com menos de 23 semanas, além de poder estar em uso de apenas 1 anti-hipertensivo antes da gestação. Excluiu doença renal crônica e diabetes mellitus.
O desenho foi um ensaio clínico, randomizado, porém “aberto”, sem cegamento. O objetivo era redução da PA para < 140/90 mmHg, medida em consultório. O tratamento foi feito com 1º labetalol e 2º nifedipino – reparem como nos EUA não usam metildopa como no Brasil! Para o grupo controle, o alvo de PA era < 160/105 mmHg. O desfecho principal foi ocorrência de pré-eclâmpsia (e suas complicações), parto prematuro, redução do crescimento fetal e mortalidade fetal.
Foram incluídas 2.404 participantes, divididas nos dois grupos, com idade média 32 anos e IMC 37 kg/m² (maioria com obesidade!) e PA média 134/83 mmHg; apenas 45% das pacientes estava em uso de AAS. Com o tratamento, o grupo de intervenção obteve PA média 129/79 mmHg versus 133/82 mmHg no grupo controle.
O desfecho primário foi de 30,2% no grupo intervenção e 37% no grupo controle, p<0,05. As maiores reduções foram nas complicações de eclâmpsia e parto prematuro, não havendo diferença na mortalidade fetal. Não houve aumento de eventos adversos no grupo da intervenção.
Mensagem prática
O estudo confirma a tendência de tratarmos a hipertensão na gestação para um alvo < 140/90 mmHg, a fim de evitar as formas mais graves de pré-eclâmpsia e suas complicações.
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