Na miocardiopatia hipertrófica, a obstrução do trato de saída do VE é uma das principais complicações. Durante muito tempo, o único tratamento possível era a intervenção, seja cirurgia miomectomia ou ablação septal por álcool. O estudo VALOR-HCM, apresentado no congresso do American College of Cardiology (ACC 2022), procurou entender se o uso de mavacamten poderia adiar ou evitar intervenções.
VALOR-HCM
No trabalho apresentado, o mavacamten foi avaliado em um ensaio clínico duplo cego. Foram incluídos 112 pacientes com septo >=15mm e/ou >=13mm com história familiar + classe funcional II e sintomático. O principal desfecho foi necessidade de intervenção (SRT, septal reduction treatment) em 16 semanas.
Resultados
Os grupos tinham idade média 60 anos, 50% mulheres, com gradiente médio no trato de saída de 50 mmHg. No grupo de tratamento, apenas 18% dos pacientes necessitaram de intervenção, em comparação com 76,8% no grupo placebo. Além disso, 27% dos pacientes do primeiro grupo melhoraram duas categorias na classe funcional, em comparação com 2% no placebo.
O medicamento levou a uma redução em torno de 33 mmHg no gradiente VE-aorta. Os principais efeitos colaterais foram FA (7%), náusea e rash. Além disso, 7% do grupo controle apresentaram taquicardia ventricular, enquanto nenhum participante do grupo de tratamento teve a condição. Infelizmente, o tamanho amostral ainda não foi suficiente para avaliar mortalidade.
Mensagem prática
É um início promissor, com muito benefício em desfechos intermediários, mas para uso clínico em larga escala precisamos aguardar um estudo maior, com internação e/ou mortalidade.
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