O sangramento é uma das complicações mais comuns em pacientes de maior risco em diversos tipos de cirurgia. O ácido tranexâmico é um conhecido agente farmacológico que reduz sangramento, porém com resultados clínicos à beira do leito nem sempre convincentes. O estudo POISE-3, apresentado no congresso do American College of Cardiology (ACC 2022) e publicado simultaneamente no New England Journal of Medicine (NEJM), avaliou o uso do medicamento em cirurgias não cardíacas.
Ácido tranexâmico em cirurgias não cardíacas
O grupo do POISE, muito conhecido em estudos de pré e pós-operatório, fez um ensaio clínico randomizado e duplo-cego. Foram incluídos pacientes com mais 45 anos em cirurgias não cardíacas, à exceção de DRC avançada e neurocirurgia. A medicação foi feita no início e fim da cirurgia. O desfecho principal foi sangramento “maior” e o grupo monitorou complicações trombóticas, como IAM tipo 2 e TEV.
A ideia era recrutar 10 mil pacientes, porém com 9.500 o estudo foi interrompido por conta da pandemia. Alguns centros brasileiros participaram do estudo. O grupo tinha idade média 70 anos, 56% homens, 80% de “cirurgias grandes”: tórax, abdômen, artroplastia e vasculares.
O grupo intervenção mostrou redução de sangramento: 9,1 vs 11,7%, com IC 0,76 (0,67-0,87 IC95%), estatisticamente significativo. Houve, ainda, menor necessidade de hemotransfusão no grupo intervenção (6,2% vs 8,3%). O risco de evento trombótico não mostrou diferença estatística entre os grupos, assim como a mortalidade total foi igual entre os grupos.
Mensagem prática
O ácido tranexâmico pode ser uma opção para reduzir o sangramento em situações de alto risco, sem aumento expressivo no risco de trombose. Isso é importante num cenário de escassez cada vez maior de hemoderivados.
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