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Anestesiologia5 março 2024

Naloxona: qual a melhor dose para casos de overdose? 

Estudo apresentado avaliou o uso de naloxona intranasal, por policiais, no combate a intoxicações agudas por opioides
O cloridrato de naloxona é a droga de escolha para reversão dos efeitos dos opioides, sendo utilizada tanto na anestesia em casos de pacientes com sobredosagem da medicação e despertar prolongado, como em casos de emergência de intoxicação aguda por essa classe de medicamentos. Ela tem o poder de reverter os efeitos adversos dos opioides como sedação, depressão respiratória, hipotensão e alterações do estado mental e psíquico.  Apesar de seu mecanismo de ação ainda não ser totalmente definido, ele atua como um antagonista opioide puro, competindo pelos mesmos sítios de ligação, a nível central, dos receptores µ, κ e σ, tendo maior afinidade pelos receptores µ. Ele pode ser administrado por via venosa, tendo a sua latência e duração mais rápidas do que as vias subcutânea ou intramuscular.  Leia mais: Opioides no intraoperatório: fatores de uso   E também pode ser aplicado por via intranasal em casos de intoxicação aguda extra-hospitalar, por opioide. A sua principal proteína de ligação é a albumina. É metabolizada pelo fígado e excretada pela urina, tendo uma meia-vida em torno de 30 a 80 minutos em pacientes adultos.  Em 2021, a Food and Drug Administration (FDA), lançou uma versão da naloxona intranasal na dose de 8 mg para casos de intoxicação aguda por opioides.  Habitualmente, a naloxona, é utilizado em doses de 4 a 8 mg, porém estudos sugerem que doses acima de 4 mg não apresentam uma maior eficácia e desencadeiam mais efeitos adversos.  O New York State Department of Health, publicou um estudo apresentado pelo Central for Disease Control (CDC) no Morbidity and Mortality Weekley Report, avaliando a ação de policiais no combate a intoxicações agudas por opioides com o uso de naloxona intranasal nas doses de 4 e 8 mg. 

Estudo 

O estudo em questão foi realizado com 11 tropas de policiais da cidade de Nova York, devidamente treinados para atender casos de suspeita de intoxicação aguda por opioides. O estudo foi realizado no período de março de 2022 a agosto de 2023 com um total de 354 pessoas com suspeita de intoxicação aguda por opioides.   Desse grupo, 101 pessoas receberam naloxona intranasal na dose de 8 mg e 253 pessoas receberam naloxona intranasal na dose de 4 mg. Os policiais que participaram do estudo foram orientados a relatar os sintomas encontrados após a administração da naloxona, principalmente aqueles relacionados a abstinência de opioides como náuseas e vômitos, alterações comportamentais, agressividade ou letargia.  Leia ainda: Cloridrato de Oxicodona + Cloridrato de Naloxona: veja no bulário do Whitebook!  Os critérios de exclusão foram: ausência de sinais de intoxicação por opioides como depressão respiratória ou inconsciência, mais de uma dose de naloxona administrada e óbito antes da administração de naloxona.  Os pacientes que receberam doses de 4 mg de naloxona, foram tratados como o grupo referência. 

Resultados 

Os sinais e sintomas relacionados à abstinência de opioides como vômitos, foram de 37,6% no grupo de 8 mg e de 19,4% no grupo de 4 mg. Das pessoas que receberam 8 mg de naloxona, 10,9% apresentaram comportamento agressivo combativo contra 7,9% que receberam 4 mg de naloxona.  Os sinais e sintomas mais comuns pós-administração de naloxona evidenciado nos dois grupos foram desorientação (66,3% no grupo de 8 mg contra 58,5% no grupo de 4 mg) e letargia (52,5% contra 43,5% respectivamente).  Os policiais reportaram que a totalidade dos pacientes sobreviventes (99%) tanto do grupo que recebeu 8 mg como no grupo que foi administrado 4 mg de naloxona foi a mesma. 

Discussão 

Nesse estudo, evidenciou-se que as pessoas que receberam doses elevadas de naloxona (8 mg) apresentaram o dobro de sinais e sintomas relacionados principalmente a crise de abstinência como náuseas e vômitos e alterações comportamentais voltadas para a violência, comparados ao grupo de pessoas que utilizaram 4 mg de naloxona.   Além disso, vômitos foram relatados com uma maior incidência no grupo que foi administrado 8 mg de naloxona, aumentando os riscos de broncoaspiração para casos de pacientes inconscientes. Sendo que a incidência de sobrevida após a administração de naloxona foi estatisticamente a mesma nos dois grupos.  Devido a esses achados específicos conclui-se que em casos de intoxicação aguda por opioides, a administração de 4 mg de naloxona aparenta ser igualmente efetiva e causar menos efeitos adversos que a administração de doses mais elevadas do antagonista.  Leia ainda: Analgesia intranasal para dor aguda moderada a intensa em pediatria: boa opção?
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Referências bibliográficas

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