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Cirurgia26 fevereiro 2024

Opioides no intraoperatório: fatores de uso

Quanto da variabilidade intraoperatória na administração de opioides é atribuível ao paciente, ao médico e ao hospital?
O uso de opioides pode ser necessário para controle da dor, mas também pode ser responsável por uma série de efeitos colaterais negativos relacionados ao seu uso indiscriminado. Muito se tem estudado quanto ao uso dessas substâncias no pré e pós-operatório, mas são escassos dados relacionados ao uso intraoperatório. Foi publicado recentemente no Journal of the American Medical Association (JAMA) um estudo, com o objetivo de avaliar contribuições diferenciais do paciente, do médico (cirurgião e anestesista) e características hospitalares em vários procedimentos cirúrgicos comuns para o uso de opioides no intraoperatório.

O estudo

O estudo de coorte teve como fonte um banco de dados nacional americano e incluiu 1.011.268 procedimentos cirúrgicos em 46 hospitais nos EUA envolvendo 2.911 anestesiologistas, 2.291 cirurgiões e 8 categorias cirúrgicas e 4 analgésicas. A taxa de administração intraoperatória de opioides como medida contínua de equivalentes de morfina oral (OMEs) normalizados para o peso do paciente e duração do caso foi avaliada. Leia também: OMS aponta falta de morfina e outros opioides em países subdesenvolvidos Entre 1.011.268 procedimentos cirúrgicos (idade média [DP] dos pacientes, 55,9 [16,2] anos), 604.057 foram em mulheres [59,7%]), e a taxa média (DP) de opioides intraoperatórios foi de 0,3 [0,2] OME/kg/h. Juntos, os níveis clínico e hospitalar contribuíram para 20% ou mais de variabilidade na administração intraoperatória de opioides em todas as categorias analgésicas e cirúrgicas (ajustando para categoria cirúrgica ou analgésica, os CCIs (correlação entre classes) variaram de 0,57-0,79 para o paciente, 0,04-0,22 para o anestesista e 0,09-0,26 para o hospital, com a combinação de ICC mais baixa 0,21 para anestesista e hospitalar [0,12 para o anestesista e 0,09 para o hospital apenas para opioides]). Comparando os percentis 95 e 5 de administração de opioides, a variação foi de 3,3 vezes entre anestesistas (faixa de categoria cirúrgica, 2,7 vezes a 7,7 vezes), 4,3 vezes entre cirurgiões (faixa de categoria, 3,4 vezes a 8,0 vezes) e 2,2 vezes entre hospitais (faixa de categoria, 2,2 vezes para 4,3 vezes). Quando ajustado para características do paciente e da cirurgia, a média (média do erro quadrático) de administração foi maior para procedimentos cirúrgicos cardíacos (0,54 [0,56-0,52 OME/kg/h]) e menor para procedimentos cirúrgicos ortopédicos de joelho (0,19 [0,17-0,21 OME/kg/h]). Leia mais: Buprenorfina versus metadona para tratamento de dependência de opioide Técnicas anestésicas periféricas e neuroaxiais foram associadas à administração reduzida em cirurgias de quadril (51,6%[IC95%, 51,4%-51,8%] e 60,7%[IC95%, 60,5%-60,9%] de redução, respectivamente) e joelho (48,3%[95% IC, 48,0%-48,5%] e 60,9%[IC95%, 60,7%-61,1%] de redução, respectivamente), mas a redução foi menos substancial em outras categorias cirúrgicas (redução média [DP], 13,3%[8,8%] para técnicas periféricas e 17,6%[9,9%] para técnicas neuroaxiais).

Conclusão

No estudo, fatores em nível clínico, hospitalar e do paciente tiveram contribuições importantes para a variação substancial das administrações de opioides durante procedimentos cirúrgicos. Essas descobertas sugerem a necessidade de um foco ampliado em múltiplos fatores ao desenvolver e implementar estratégias de redução de opiáceos em programas colaborativos de melhoria de qualidade. Leia ainda: ACP 2023: Uso de opioides para alívio da dispneia
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Referências bibliográficas

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