A febre infantil é uma das principais causas de consultas pediátricas, representando até 30% dos atendimentos¹. Embora comum, desperta intensa ansiedade nos cuidadores, a chamada febrefobia, que pode levar a condutas desnecessárias¹. A febre é uma resposta fisiológica regulada por citocinas e pela prostaglandina E₂ no hipotálamo, diferindo da hipertermia, em que o ponto de ajuste térmico permanece normal³,⁴. Além disso, exerce um papel adaptativo na resposta imune⁴.
A avaliação clínica deve priorizar o estado geral da criança e sinais de alerta como letargia, irritabilidade extrema, petéquias e rigidez de nuca, especialmente em lactentes menores de 3 meses⁵,⁶. O manejo visa o conforto, com hidratação, roupas leves e ambiente arejado, evitando métodos físicos como banhos frios ou compressas de álcool⁷.
Entre os antipiréticos seguros e eficazes estão dipirona, paracetamol e ibuprofeno²,⁵. A dipirona, amplamente utilizada no Brasil, demonstra redução significativa da temperatura e baixo risco de agranulocitose, estimado em cerca de 0,35 casos por milhão de habitantes/ano, conforme o estudo LATIN⁸,⁹,¹³,¹⁴. O uso alternado de antipiréticos é contraindicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, devendo-se optar por monoterapia em dose calculada pelo peso¹,⁵.
Por fim, a educação dos cuidadores é essencial para combater a febrefobia e promover o uso racional de medicamentos, garantindo um manejo seguro e eficaz da febre infantil¹.
Autoria

Lygia Lauand
Lygia é gastropediatra e médica assistente do departamento de pediatria, puericultura e gastroenterologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e preceptora dos residentes. Certificada pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Federação Brasileira de Gastroenterologia, faz parte do Departamento Científico de Gastroenterologia Pediátrica da Sociedade Paulista de Pediatria. Desde 2017 é professora de pediatria do grupo Afya Educacional e redatora Pedpapers.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.




