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Terapia Intensiva22 setembro 2017

Estatinas associadas com risco reduzido de delirium em pacientes hospitalizados

Aproximadamente 20% dos idosos hospitalizados têm delirium, embora este estado não seja diagnosticado em, pelo menos, um de cada três casos.

Por Juliana Festa

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

O delirium ou estado de confusão mental é comumente definido como um transtorno mental orgânico temporário caracterizado por início agudo, nível de consciência alterado, curso flutuante e distúrbios na orientação, memória, atenção, pensamento e comportamento. Aproximadamente 20% dos idosos hospitalizados têm delirium, embora este estado não seja diagnosticado em, pelo menos, um de cada três casos.

É uma condição particularmente comum após a realização de cirurgia maior (50%), afeta a maioria dos pacientes em UTI e está associada a aumento da mortalidade e morbidade, taxa de admissão em instituições de cuidados prolongados, hospitalização prolongada, aumento das complicações pós-operatórias e piores resultados funcionais.

Um estudo observacional retrospectivo mostrou que a taxa de delirium em pacientes com estatinas, incluindo atorvastatina, pravastatina e sinvastatina, foi metade (ou menos) quando comparados com pacientes que não utilizaram estatinas. O estudo foi conduzido entre setembro de 2012 e setembro de 2015, e teve como objetivo examinar a associação entre o uso de estatina e o risco de delirium em pacientes hospitalizados com admissão na UTI.

Na população de pacientes antes do pareamento (n=6.664), um total de 1.532 pacientes (22,3%) foram diagnosticados com delirium, sendo 14,2% dos pacientes na coorte de estatina (n=2.777) e 28,1% dos pacientes na coorte de não-estatina (n=3,887).

Veja também: ‘Delirium – haloperidol é a melhor escolha para pacientes em cuidado paliativo?’

A idade média da população foi de 66,5 (desvio padrão: 15,9) anos. A maioria era do sexo masculino (53,5%) e a média do tempo de permanência hospitalar foi de 9,1 (desvio padrão: 9,8) dias.

Na população avaliada, a doença cerebrovascular foi prevalente (19,4%), mas muitos dos fatores predisponentes remanescentes para delirium foram raros, incluindo doença de Parkinson (0,8%), comprometimento funcional (0,9%), visão comprometida (1,5%), deficiência auditiva (1,8%) psicose ou dependência de drogas ou álcool (1,9%) e demência (0,9%).

O uso de estatinas foi associado a uma diminuição significativa no risco de delirium (odds ratio [OR]: 0,47; intervalo de confiança [IC] de 95%: 0,38 a 0,56). Considerando o tipo de estatina utilizada, atorvastatina (OR: 0,51; IC 95%: 0,41 a 0,64), pravastatina (OR: 0,40; IC 95%: 0,28 a 0,58) e sinvastatina (OR: 0,33; IC 95%: 0,21 a 0,52) foram significativamente associadas a uma frequência reduzida de delirium.

Portanto, o uso de estatinas foi associado de forma independente à redução do risco de delirium em pacientes hospitalizados. Ao considerar os tipos de estatinas utilizadas, esta redução foi significativa em pacientes com atorvastatina, pravastatina e sinvastatina. É recomendado que ensaios clínicos randomizados envolvendo vários tipos de estatinas sejam realizados em pacientes hospitalizados para validar seu uso em proteção contra delirium.

E mais: ‘Quais antibióticos causam delirium?’

Revisado por:

Referências:

  • Mather JF, Corradi JP, Waszynski C, Noyes A, Duan Y, Grady J, Dicks R. Statin and Its Association With Delirium in the Medical ICU. Crit Care Med. 2017 Sep;45(9):1515-1522. doi: 10.1097/CCM.0000000000002530.
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