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Neurologia4 abril 2016

Quais antibióticos causam delirium?

O delirium é uma síndrome que ocorre em pacientes internados e que está correlacionado a diversos fatores ambientais, medicamentosos ou patológicos. O uso de antibióticos representa um dos principais fatores e a sua toxicidade pode ser uma causa, ainda pouco reconhecida, de delirium no ambiente hospitalar. Pesquisadores do departamento de neurologia do Brigham and Women’s …

Por Bruno Lagoeiro

250-BANNER6O delirium é uma síndrome que ocorre em pacientes internados e que está correlacionado a diversos fatores ambientais, medicamentosos ou patológicos. O uso de antibióticos representa um dos principais fatores e a sua toxicidade pode ser uma causa, ainda pouco reconhecida, de delirium no ambiente hospitalar.

Pesquisadores do departamento de neurologia do Brigham and Women’s Hospital e do Massachusetts General Hospital (Harvard Medical School), detemrinaram a existência de três fenótipos da encefalopatia associada aos antibióticos (EAA).

O estudo analisou 391 casos, 1946 a 2013, de pacientes que tiveram delirium documentado ou alterações da cognição ou alteração da consciência, após o inicio de antibiótico terapia e com consequente melhora dos sintomas após o fim do tratamento. Foram excluídos pacientes que tiveram encefalopatia antes do início da medicação.

Leia o nosso post sobre Síndrome Pós-Hospitalização.

Os três fenótipos identificados de EAA:

Tipo 1 de EAA:

  • Classes de antibióticos: Penicilinas e Cefalosporinas;
  • Quadro clínico: Inicio do quadro em poucos dias após primeira dose. Mioclonia ou crise convulsiva, anormalidades do eletroencefalograma (EEG), com achados normais na ressonância magnética (RNM). Mais comum em pacientes com insuficiência renal.
  • Mecanismo: Distúrbio da transmissão sináptica inibitória.

Tipo 2 de EAA:

  • Classes de antibióticos: Penicilinas, sulfonamidas, fluoroquinolonas e macrolídeos;
  • Quadro clínico: Inicio do quadro em poucos dias após primeira dose. Principal sintoma é a psicose, em poucos casos ocorrem crises convulsivas. Raramente causa irregularidades no EEG, sem alterações na RNM, e com resolução em poucos dias.
  • Mecanismo: Semelhante a psicose induzida por droga que causam distúrbios do receptores D2 dopaminérgicos e de NDMA.

Tipo 3 de EAA:

  • Classes de antibióticos: Metronidazol;
  • Quadro clínico: Inicio do quadro em semanas primeira dose. Envolve disfunção cerebelar. Raramente ocorrem crises convulsivas e anormalidades no EEG. Ocorrem anormalidades reversíveis na RNM.

Mais estudos são necessários, para identificação de outros antibióticos associados e melhor compreensão dos aspectos desta síndrome.

Apesar de ainda desconhecida a real prevalência, este estudo é importante por auxiliar na identificação precoce de deilirium por essas medicações, sua retirada ou troca, garantido um menor período em EAA e consequentemente melhores desfechos de internação.

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Referências:

Shamik Bhattacharyya et al. – Antibiotic-associated encephalopathy Neurology March 8, 2016 vol. 86 no. 10 963-971

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