Como prevenir a lesão aguda de mucosa?
Chamamos de lesão aguda de mucosa (LAM – “úlceras de estresse”) as erosões da mucosa gástrica ou duodenal, decorrentes da hipoperfusão gastrointestinal. Essa é uma complicação comum em pacientes críticos. A profilaxia da LAM é amplamente utilizada para prevenir o sangramento do trato gastrointestinal (TGI) e suas complicações em pacientes críticos.
A principal medida profilática utilizada é o uso de inibidores da bomba de prótons (IBP), que são mais eficazes que bloqueadores dos receptores de histamina-2 (H2RA) na prevenção de sangramento do TGI. A utilização de profilaxia de LAM era controversa, especialmente pela preocupação de que os IBP poderiam causar a colonização bacteriana do TGI, aumentando a incidência de pneumonia nosocomial e infecção por Clostridioides difficile.
Estudos recentes como o SUP-ICU e o REVISE demonstraram que os IBP, apesar de não interferirem na mortalidade, reduzem significativamente a incidência de sangramento clinicamente relevante do TGI. Os IBP não foram associados a maior incidência de efeitos adversos como pneumonia nosocomial ou infecção por Clostridioides difficile. Esses estudos também sugerem que os IBP beneficiam principalmente pacientes mais graves (ex: em uso de ventilação mecânica), com menor efeito em pacientes menos graves.
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Recomendações práticas
- Fatores de risco: Pacientes com coagulopatia, choque, ventilação mecânica ou doença hepática crônica devem ser considerados em risco para LAM.
- Nutrição Enteral (NE): Sugere-se que a NE reduz o risco de úlcera de estresse em adultos críticos. No entanto, não foi observada evidência conclusiva sobre os impactos na mortalidade. Embora alguns estudos sugiram que a nutrição enteral possa reduzir o risco de sangramento, a evidência não é suficiente para recomendar a suspensão da profilaxia de úlcera quando a nutrição enteral é estabelecida naqueles pacientes com fatores de risco.
- Profilaxia farmacológica: Recomenda-se o uso de profilaxia farmacológica para prevenção de úlcera de estresse em pacientes com fatores de risco. Entre os medicamentos, deve-se dar preferência aos IBP, em relação aos H2RA, como primeira linha. Nos pacientes neurocríticos, a profilaxia também é sugerida, embora com evidência limitada.
- Interrupção da profilaxia: Sugere-se a interrupção da profilaxia quando os fatores de risco não estão mais presentes. Além disso, deve-se revisar sua necessidade antes da alta da UTI, para evitar prescrição inapropriada. A profilaxia permanente fora da UTI sem indicações claras não é indicada.
- Dose e Via de Administração: Para adultos críticos com fatores de risco, recomenda-se o uso de doses baixas, seja com administração enteral ou endovenosa.
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