Um surto de vírus de Marburg em Ruanda elevou o nível de alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a doença e provocou o isolamento de uma estação de trem na Alemanha na última semana.
Leia também: Crises epidemiológicas: como o médico deve se preparar?
Situação em Ruanda
No final de setembro, as autoridades de saúde de Ruanda confirmaram que o país passa pelo primeiro surto da doença no seu território. O últimos dados apontam 36 casos e 11 mortes confirmadas, os outros pacientes estão em isolamento e o governo local já rastreou e está monitorando pelo menos 300 contatos próximos desses pacientes. A maioria dos infectados é de profissionais de saúde.
“Estamos estabelecendo rapidamente todos os aspectos críticos de resposta ao surto para ajudar Ruanda a barrar a propagação deste vírus de forma rápida e eficaz,” disse a Dra. Matshidiso Moeti, Diretora Regional da OMS para África. “(…) a OMS está colaborando de perto com as autoridades nacionais para fornecer o apoio necessário para aprimorar ainda mais as ações em andamento.”, completou.
Susto na Alemanha
No último dia 3 de outubro, uma estação de trem de Hamburgo foi isolada depois que um casal de jovens, recém-chegados do país africano, apresentaram sintomas de gripe. Os dois passageiros foram testados para o vírus e tiveram resultados negativos, contudo permanecerão em observação por mais tempo, já que um deles, estudante de medicina, teve contato direito com um paciente infectado.
Vírus Marburg
A doença do vírus Marburg é altamente virulenta, podendo causar febre hemorrágica, sendo clinicamente semelhante ao Ébola. Os vírus Marburg e Ebola são ambos membros da família Filoviridae (filovírus). A taxa de mortalidade é de 88%.
A infecção inicial ocorre quando as pessoas entram em contato próximo com morcegos Rousettus, um tipo de morcego frugívoro, que pode transmitir o vírus Marburg e é frequentemente encontrado em minas ou cavernas. A transmissão entre pessoas ocorre através de contato direto com fluidos corporais de pessoas infectadas e através de superfícies ou materiais e instrumentos.
Saiba mais: Febre hemorrágica brasileira: o que você precisa entender hoje?
De acordo com a OMS, seu período de incubação varia de dois a 21 dias, com febre alta, forte dor de cabeça e mal-estar. Podendo ainda apresentar diarreia aquosa intensa, dor abdominal e cólicas, náuseas e vômitos. Os sinais hemorrágicos podem não estar presente em todos os casos, mas manifestações hemorrágicas graves podem aparecer entre cinco e sete dias após o início dos sintomas, e os casos fatais geralmente apresentam algum tipo de sangramento, muitas vezes de múltiplas áreas, com o óbito ocorrendo mais frequentemente entre oito e nove dias após o início dos sintomas
Atualmente não há tratamento ou vacina disponível. Embora, algumas vacinas estejam atualmente em desenvolvimento.
Surtos da doença já foram registrados anteriormente em outros países africanos, com o mais recente ocorrendo em 2023 na Guiné Equatorial e Tanzânia.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.